27 de dezembro de 2010

A necessidade da estrutura na escrita de romances


o post anterior, falei sobre a importância da estrutura da história, e dei um exemplo de uma estrutura comum.
Após um longo (e merecido, para completar o clichê) período de férias, gostaria de retomar o assunto, até porque "a ficha demorou a cair" muito para mim sobre este assunto, e acho que muitos escritores provavelmente têm a mesma dificuldade, mesmo sem saber.
Primeiramente, gostaria de reforçar a necessidade (atenção, não é "importância", é "necessidade", mesmo) de conhecer e utilizar a estrutura para escrever qualquer texto literário.
Começando pelo básico: "Início-Meio-Fim", não é uma estrutura para uma estória. Uma lista de supermercado já tem isso. E, no entanto, tem muita gente que escreve estórias justamente com esta estrutura, por incrível que pareça - eu sei, já li muitas assim!
Um exemplo? "Era uma vez três porquinhos que saíram da casa de sua mãe para viverem por conta própria (Início - apresentação do status quo), construíram suas casas (Meio - desenvolvimento do tema) e viveram felizes para sempre (Fim - conclusão do tema).
"O escritor original não é aquele que não imita ninguém, mas aquele que ninguém consegue imitar"
François-René de Chateaubriands, escritor fundador do Romantismo na França
A estrutura mínima de uma estória seria: "Início - Conflito - Desenvolvimento do conflito - Resolução do conflito - Conclusão".  Sem perder tempo com mais detalhes (acho que ficou bem claro...), uma estória sem conflito não é uma história, não dá certo falar de porquinhos sem falar também do lobo.
Acredito que todo escritor, por mais iniciante que seja, irá concordar que

3 de dezembro de 2010

Write in Pantanal - James McSill de volta ao Brasil em Abril/2011

m último post antes das férias: Como já comentei anteriormente, o retiro para escritores de James McSill não foi apenas o melhor curso para escritores de que participei, foi simplesmente o melhor curso que já fiz na vida: extremamente objetivo, com dicas práticas e de uso imediato para qualquer escritor... Uma verdadeira revelação ou, como costuma dizer o James, um "chá de realidade".
Pois é, o James McSill está de volta ao Brasil, desta vez no Mato Grosso, com o "Write in Pantanal", que vai ocorrer durante os dias 28, 29, 30 de abril e 01 de maio de 2011.  Seguem algumas informações sobre o evento; vejam mais detalhes no site do evento.

Quatro dias de sessões instrucionais em que não só o autor terá a oportunidade de descobrir as "manhas" e segredos da produção de textos apreciados por agentes e editoras internacionais, bem como estruturar um texto de autodesenvolvimento na prática.
Serão mostradas técnicas de desmontagem e montagem de texto e os fatores que tornam um livro de autodesenvolvimento num sucesso de venda.
Assuntos básicos:

1 de dezembro de 2010

Segundo passo: Preparando a estrutura de seu livro


  premissa da história, como mencionei em meu post anterior, é o primeiro passo para transformar uma idéia em um livro.
Vale reforçar que a premissa é a essência da história, e que sem uma boa premissa não vale à pena nem começar a escrever o livro.  Exagero? Nem um pouco! Apenas como exemplo, é prática comum em Hollywood reunir um grande grupo para discutir a premissa de um possível novo filme; e os executivos normalmente só aprovam o início do projeto se todos os participantes concordam que a premissa é boa o suficiente.
A premissa, além de ser uma boa idéia, deve ter o potencial de despertar a empatia dos possíveis leitores. Em outras palavras, além de original e inspirada, ela precisa ser inspiradora, fazer com que os leitores se importem com a história.
Uma vez definida a premissa, o próximo passo lógico é definir a estrutura da história.
A estrutura pode ser desde algo simples (Status quo inicial, conflito, resolução do conflito, novo status quo), até algo altamente sofisticado (como a "Jornada do Herói" sugerida por Joseph Campbell em seu livro "O Herói de Mil Faces"), passando por estruturas intermediárias como a sugerida por Syd Field em seu "Manual de Roteiro" (Status quo inicial,  ponto de virada inicial (conflito), desenvolvimento da história, ponto de virada 2, clímax (resolução do conflito), novo status quo)
"A grande diferença entre um escritor amador e um profissional é que o escritor amador acha que uma idéia inspirada basta, e o profissional sabe que a idéia também precisa ser inspiradora"
James McSill, Consultor literário internacional, assessor, cirurgião de texto (story doctor), palestrante e representante de autores
Uma das estruturas mais conhecidas é "A Jornada do Escritor", de Christopher Vogler, que basicamente pegou o trabalho de Campbell, focado mais na área de psiquiatria, e o trouxe para o mundo dos escritores e roteiristas. Comecemos por uma visão geral desta estrutura, e em próximos posts vamos discutir mais alguns detalhes sobre ela e sobre o uso de estruturas em geral.
A estrutura de uma história, conforme o sugerido por Vogler, é composta por 12 passos.  O exemplo a seguir foi tirado de um antigo texto que tenho comigo, que confesso não saber se é de minha autoria ou não - caso um eventual autor se pronuncie, anunciarei aqui seu nome.  Vamos à jornada:

23 de novembro de 2010

Primeiras coisas primeiro: por onde começar a escrever um romance?


m meu post anterior, falei que "começar a escrever pelo primeiro capítulo" era um erro.
Pois bem, se não começamos pelo primeiro capítulo, por onde devemos começar?
Antes de colocar qualquer coisa no papel, você deve definir bem sobre o que sua história será.  Afinal, uma história é um relato sobre alguma coisa que ocorreu. Sem mudança de contexto, sem conflito, sem algo que quebre a rotina, uma história não é uma história de verdade
Vejamos a famosa frase de John Le Carré: "O gato deitou no tapete" não é o começo de uma história, mas "o gato deitou no tapete do cachorro", sim.
Ora, o escritor precisa definir, antes de tudo, qual é o coração de sua história; o que os leitores responderão quando perguntados: "Sobre o que é este livro?".
No exemplo de Le Carré, a história não é sobre um gato, nem sobre um gato que deita em algum lugar, mas sobre o conflito de um gato com um cachorro.
"Se a premissa não for original, não for genial, não tem como a história ser profissional"
James McSill, Consultor literário internacional, assessor, cirurgião de texto (story doctor), palestrante e representante de autores
  Este "coração" é chamado tecnicamente de premissa.
A premissa, idealmente, é

12 de novembro de 2010

Coisas que você NÃO deve fazer para se profissionalizar como escritor


ecentemente participei de dois cursos de formação para escritores, um promovido pela Fábrica de Textos e outro por James McSill, o Write in Brasilia.
Como resultado, ficou a certeza ainda mais forte que qualquer profissional precisa conhecer as técnicas de seu trabalho.  Pegando um exemplo do James: Você confiaria em um "cirurgião amador" para fazer uma cirurgia? Agora, em uma situação complexa (por exemplo, em uma emergência em uma ilha deserta), provavelmente você confiaria em um cirurgião capacitado, mesmo que tudo o que ele tivesse em mãos fosse um canivete, linha e agulha. 
O que me surpreendeu mais fortemente, especialmente no curso do James, é que existem, sim, técnicas muito práticas e objetivas que ajudam um escritor a se profissionalizar, a manter seu padrão de qualidade em todos os textos, independente de inspiração ou musas.  
Dúvida? Faça o próximo curso com o James! Provavelmente, será o "Write in Pantanal", semelhante ao "Write in Brasilia" mas em terras mato-grossenses. Fique atento, quando o curso for oficialmente lançado eu o anunciarei por aqui.
Até lá...  Bem, fiz cerca de 40 páginas de anotações só do curso do James, mas muito do que ele ensina é "copyrighted" para ele, pelo que não posso simplesmente sair escrevendo tudo que aprendi.  Mas, ainda assim, há muito que eu posso falar, não só sobre minhas conclusões, mas também sobre algumas informações que são públicas.
"Nunca comece a escrever pelo primeiro capítulo. Só escreva a primeira linha quando tiver tudo planejado, quando souber como a história vai acabar"
Sonia Belloto, escritora e fundadora da Fábrica de Textos, que dá cursos de formação para escritores
Pensei em começar com alguns "Nãos", coisas que você não deve fazer caso queria profissionalizar-se como escritor.  Vamos a elas:

5 de novembro de 2010

Saúde, Paz e Sucesso - e Write in Brasília


aúde, Paz e Sucesso.
Quem já trocou e-mails comigo sabe que, muitas vezes, termino minhas mensagens assim. Não é à toa.
Em 2001, acreditei sinceramente, do fundo do coração, que ia morrer. Duas vezes no ano. Acho que todo ser humano deveria passar por esta experiência de ser colocado cara-a-cara com sua própria efemeridade, para que possa valorizar, a cada minuto, o mais precioso dom que podemos ter: a Saúde. Frente à morte, todas as preocupações na vida parecem pequenas, e a correria de nossa rotina passa a ser menos significativa.
O que me leva ao motivo de ter ficado algumas semanas longe do blog: Saúde, ou a falta dela. Só voltei a escrever agora, quando estou 100% certo de que o excesso de trabalho não vai afetar (novamente) minha saúde./td>
Quanto à Paz, acredito que pouco há a dizer. Paz, para mim, nada mais é que a saúde do espírito. Se sua mente não está em paz, pode ter certeza de que você corre grande risco de seu corpo seguir o mesmo caminho, e "inventar" alguma doença. Ao fim de cada dia, faça como Santo Agostinho, e reveja tudo o que fez antes de dormir; se necessário anote o que tem que fazer no dia seguinte, e esqueça dos problemas até a manhã seguinte.  Paz, sempre."Sucesso é conseguir o que se quer. Diferente de felicidade que é querer o que já se possui."
Lair Ribeiro, escritor, cardiologista, palestrante e motivador
O Sucesso já é algo bem mais discutível. O que é Sucesso, afinal?
Procure no Google que você vai achar milhares de respostas, desde roteiros para ficar rico, conquistar amigos e influenciar pessoas, até o extremo oposto, de pessoas pregando que sucesso é ser feliz, e usando isso como "desculpa" para correr agir atrás de seus sonhos.  Sem misturar os conceitos, eu diria que felicidade é essencial, e como diz Lair Ribeiro, é querer e gostar do que já possuímos.
No Write in Brasilia (o melhor, mais excepcional, mais revelador e

14 de outubro de 2010

Escritores, escritos e mercado editorial – Evento gratuito em Brasília

onversando com James McSill


Escritores, escritos e mercado editorial – Evento gratuito


  • O que é que torna um livro num bestseller?
  • Como é que um autor consegue manter o seu leitor interessado desde a primeira página?
  • Quais são os passos que devem ser seguidos pelo escritor para transformar o seu manuscrito em um livro editado?
  • Como ter acesso ao mercado internacional?
Os escritores de Brasília vão ter a oportunidade de ouvir as respostas para estas e outras perguntas através de um dos mais reconhecidos consultores do mercado editorial americano e europeu.

22 de setembro de 2010

Curso inédito da Fábrica de Textos em Brasília - 23 e 24 de outubro!

pós a Segunda Grande Guerra, os Estados Unidos promoveram uma grande reestruturação nos cursos universitários, e com estas mudanças apareceram os primeiros cursos acadêmicos de Escrita Criativa. O escritor Paul Engle, em "The Writer and the Place", chegou a dizer que: “pela primeira vez na triste e encantadora história da literatura, pela primeira vez na gloriosa e terrível História do mundo, o escritor é benvindo na Academia. Se a mente pode ser honrada ali, porque não a imaginação?”.

Em mais de cinquenta anos de história, estes cursos de Escrita Criativa formaram grandes escritores e evoluíram em organização e conteúdo.
No Brasil, infelizmente, não ocorreu movimento semelhante. Grandes escritores brasileiros, como por exemplo Raimundo Carrero, foram aos Estados Unidos participar destes cursos e, além de retornarem como escritores mais capacitados, iniciaram suas próprias oficinas de Escrita Criativa no Brasil.
Sonia Belloto, no entanto, foi um pouco mais longe: buscou trazer um destes cursos oficialmente para o país. Conseguindo a autorização devida, traduziu o material de uma universidade e, mais que isso, adaptou o material à realidade Brasileira, adicionando sua própria experiência. Nascia então o “Curso de Escrita Criativa para Formação de Escritores”.
Fundando a Fábrica de Textos, com os objetivos de “Desmitificar os processos de escrever e publicar livros” e “Ensinar o caminho para quem deseja tornar-se escritor”, Sonia já apresentou este curso mais de setenta vezes só em São Paulo, além de diversas edições em outros estados.
Agora, pela primeira vez, Sonia vem trazer um pouco desta experiência para Brasília, em um curso inédito na cidade. Vamos aos detalhes:

15 de setembro de 2010

Auto-publicar ou procurar uma editora? Livros virtuais ou de papel?

ejamos bem objetivos, porque o assunto é longo e, obviamente, interessante e muito controverso.
As dicas a seguir, é claro, servem para qualquer autor, mas em especial quem está começando sofre muito com a questão: como vou publicar meu (próximo) livro?
Como não há um bom e objetivo livro sobre este ponto específico no mercado (ok, eu escrevi um, mas ainda não tem editora...), tento sintetizar aqui alguns pontos que parecem óbvios depois que você pensou neles, mas que você precisa ter batido a cabeça uma ou duas vezes antes de cair a ficha.
Quando falamos de publicação, temos dois caminhos principais: ou você publica por conta própria, ou publica através de uma editora (incluindo, neste segundo caso, publicar em uma editora com a ajuda de um agente literário, coisa mais difícil de acontecer no Brasil para novatos...).
Além disso, podemos dividir as publicações em duas mídias: publicações digitais (e-books no Kindle, iPad ou outros) ou "clássicas", em papel. Para cada caminho ou ambiente, vamos fazer algumas ponderações rápidas:
"Se você quer fazer da escrita o seu negócio, certifique-se de que você está fazendo todas as perguntas certas antes de escolher um caminho."
Boyd Morrison, escritor, ator, ex-programador de jogos e engenheiro da Nasa... Alguém que sabe o que fala!
  • Custos de produção: Publicando com editoras, você não tem que se preocupar com custos, e ainda corre o risco de receber algum adiantamento, independente da mídia. Já na auto-publicação, o custo de uma publicação virtual é baixo, basicamente o seu tempo - a menos que

8 de setembro de 2010

O dom e a maldição dos escritores


oje quero falar um pouco sobre o que é "ser escritor".
O dom de um escritor, do meu ponto de vista, é a sua capacidade de absorver informações de fontes variadas, e criar algo a partir delas.
As palavras-chave aqui são duas: "absorver" e "criar"
"Absorver" é essencial porque é impossível (assim mesmo, de forma absoluta) produzir algo sem o insumo apropriado. Semente sem luz, terra, sol e ar não germina. Da mesma forma, é absurdo supor que alguém pode escrever algo sem que tenha 'absorvido' algo antes. Já avaliei muitas histórias de escritores iniciantes que "não gostam de ler livros", e por mais que as idéias sejam boas - a maioria das vezes não o são - a falta de familiaridade com a linguagem dos livros sempre gerou resultados aquém do mínimo esperado. "Escrever é fácil: Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias." Pablo Neruda
"Criar" é o coração da escrita. Se vou escrever algo, é obrigatório que seja algo original. Por mais que escrever seja apenas começar com uma letra maiúscula e terminar com um ponto final, se você não tem idéias para colocar no meio, não adianta. Para que escrever mais um livro sobre vampiros, ou com elfos, anões e feiticeiros malignos? Se a idéia não for criativa, não tiver pelo menos um ângulo inovador, não perca seu tempo escrevendo. De novo: Leia sempre, pois a leitura não é só necessária para o conteúdo, mas amplia os horizontes das idéias!
Curiosamente,

1 de setembro de 2010

É seguro publicar partes de seu livro em um blog?


inda na onda de responder a perguntas trazidas por quem acompanha o blog, vamos a uma questão da Paty Noronha, escritora, que chegou a mim pelo FaceBook.
A Paty levantou uma dúvida muito comum entre escritores iniciantes ou que não tem muita vivência com a web: Posso publicar trechos de meus livros em um blog?  Devo fazer isso?
Quanto ao "posso", vamos a um fato "contratual": tenho alguns contratos de editoras do Brasil e Estados Unidos que estabelecem que o autor não pode divulgar mais de 10% do livro como propaganda (ou seja, em blogs, por exemplo). Nestes casos, se por acaso eu tivesse um blog com mais de 10% do livro a ser publicado, a editora não assinaria o contrato comigo.  Portanto: Se você tem um contrato, revise-o ou consulte sua editora. Se não tem, tome cuidado para não inviabilizar um eventual futuro contrato."O verdadeiro risco é não fazer nada" Denis E. Waitley, escritor, homem de negócios e realista inveterado.
Quanto ao "devo", a história é outra...

28 de agosto de 2010

Sobre a responsabilidade do escritor com seu público


omeçarei este post com parte do comentário de Sueli Gehlen Frosi, escritora de Passo Fundo (RS), que pediu que eu falasse "a respeito do freio moral a que somos submetidos sempre que escrevemos. Sofro muito com isso, pois imagino meus filhos lendo meus devaneios e meus desejos inconfessados. As mulheres que são mães, são eternamente virgens no imaginário dos filhos, concordas?"
Acredito que todo escritor (ou quase todo) já se perguntou: o quanto sou responsável pelo que escrevo? Ou ainda: Para que escrevo?
Começando pelo segundo ponto: A meu ver, todo aquele que escreve para alguma coisa corre o grande risco de criar textos que soam falsos, rígidos ou panfletários. Se este é o objetivo, ótimo, mas se o objetivo é criar algo que os leitores gostem de ler, precisamos ter cuidado com isso.   Vou reunir minha experiência como pai, realizador de oficinas para crianças e jurado de concursos de contos infantis para um exemplo prático, sobre textos infantis.
"Uns escrevem para salvar a humanidade ou incitar lutas de classes, outros para se perpetuar nos manuais de literatura ou conquistar posições e honrarias. Os melhores são os que escrevem pelo prazer de escrever."Lêdo Ivo, jornalista, poeta, romancista, contista, cronista, ensaísta e, como se não bastasse, Imortal.
Um texto infantil nunca deve soar como se o autor estivesse querendo ensinar algo, este "didatismo" não só deixa o texto forçado como aumenta o risco da criança não "pegar gosto" pela leitura. Livros infantis precisam, apenas, ser divertidos, pois o grande objetivo é, simplesmente, fazer a criança gostar de ler.
Deixando claro: acredito que não devemos escrever para alguma coisa, mas sim por alguma coisa. Eu escrevo pois me é impossível não fazê-lo, escrevo por prazer, por querer tirar do peito pelo menos um pouco das histórias que me oprimem por não contá-las.
Agora, vamos à questão da responsabilidade...

24 de agosto de 2010

Dicas a um jovem escritor - Você não gosta de mostrar seus textos?


screver é como falar. Você escreve listas de compras, e-mails, comentários em blogs, receitas etc. Por que seria diferente escrever histórias?
Desde que aprendemos a falar, a maioria de nós não pára: são as brincadeiras na escola, as aventuras com os amigos, os comentários dos filmes que vimos. Os temas evoluem com a idade, mas estamos sempre contando histórias. Por que, então, para muitos é tão difícil escrever?
Minha opinião é que, em algum momento de nossa vida escolar, entregamos uma redação que achamos maravilhosa e o professor a devolveu cheia de riscos vermelhos, destacando nossa incompetência ao invés de ressaltar nossas qualidades. Para mim, só algum episódio deste tipo, esquecido nas gavetas empoeiradas da memória, pode explicar esta dificuldade.
Com certeza vem daí também o medo que alguns (quase todo mundo) têm de mostrar o que escreveram. É muito comum eu ser convidado a ler um blog ou texto que "não foi  mostrado a ninguém porque não sei se tem valor".
Bem, já está na hora de deixarmos de lado estes medos arraigados desde nossa infância e começarmos a fazer algo a respeito para mudar.
 Qual é a sua desculpa para ser um escritor, e não escrever?
Erros de português são resolvidos com um corretor ortográfico e um bom revisor, e com a prática estes erros vão ficando cada vez menos numerosos - mais um motivo para escrever, cada vez mais! 
"Somos todos escritores. Só que uns escrevem, outros não."José Saramago, Nobel e escritor dos que Escrevem.
Outra desculpa muito comum é

20 de agosto de 2010

Como estruturar suas histórias - e duas oportunidades para escritores em Brasília


uas oportunidades únicas para escritores de Brasília! Apesar de parecer anacrônico, é verdade: No fim de setembro, Sonia Belloto, da Fábrica de Textos, vem à cidade apresentar seu curso de formação de escritores (que já teve 70 edições em São Paulo). Qualquer elogio que eu fizer será pouco para fazer jus ao curso da Sonia, que com certeza é um dos mais completos e estruturados do país. Veja mais informações neste post, e inscrições direto no site da Fábrica de Textos. Ao fim de outubro, James McSill, escritor e coach literário, virá a Brasília para um retiro com escritores onde, além de dicas essenciais para escrita de romances, conheceremos mais sobre como ingressar no mercado literário anglo-saxão. Detalhe: Tudo em português - saiba mais neste post e no site do evento, http://www.writeinbrasilia.com/.

oltando às dicas...
Afinal, existem realmente regras para escrever?
Não, a se acreditar em W. Somerset Maugham, escritor inglês nascido no século XIX, "Existem três regras para escrever ficção. Infelizmente ninguém sabe quais são elas.".
Entendendo "regra" como um processo inflexível a ser seguido, um conjunto de passos que garante um resultado - neste caso, uma história bem escrita - acredito que Maugham estava certo. Como o escritor mais bem pago de sua era, ele com certeza sabia o que estava falando.
Mas se entendermos "regras" como um conjunto de boas práticas, que ajudam o escritor a orientar seu trabalho e tirar o máximo de sua capacidade criativa, fazendo quem sabe a diferença entre uma obra boa e uma obra excepcional... Aí, sim, existem muitas "regras" (sempre entre aspas, não esqueçam) para uma boa escrita."Existem três regras para escrever ficção. Infelizmente ninguém sabe quais são elas." W. Somerset Maugham, autor mais bem pago dos anos 30
Nesta linha de "boas práticas", estruturar seu texto para melhor organizar as idéias é essencial para qualquer trabalho de mais fôlego. Vamos comentar algumas das formas de se conduzir esta organização:

16 de agosto de 2010

A Arte de escrever X A Arte de contar boas histórias


á faz algum tempo que falar mal do Paulo Coelho virou esporte entre os membros da intelligentzia nacional.
Bem, aqueles que o fazem sem pensar podem começar a falar mal de mim, também, pois eu penso diferente. Vamos aos "fatos"!
Podem me chamar de ingênuo, mas eu acredito que uma pessoa que escreve histórias que foram traduzidas em 67 idiomas e que são vendidas em mais de 150 países (conforme informação de seu site, http://www.paulocoelho.com.br/) não pode estar tão errada como querem fazer acreditar seus detratores. Isso, sem contar com as dezenas de premiações que ele já recebeu (veja algumas em http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Coelho).
As "explicações" para este fenômeno normalmente não passam pela qualidade de suas histórias, o que é (no mínimo) uma abordagem ingênua: "são os tradutores que fazem o dele texto ficar bom", "é o marketing é que faz o autor vender", "virou moda comprar livros do Paulo Coelho" etc."A arte de saber escrever bem é diferente da arte de saber contar boas histórias" Ziraldo, escritor por fora e menino maluquinho por dentro
Eu li três dos livros do Paulo Coelho e, como leitor, digo que não são bem o estilo de livros que gosto de ler - mas é coisa de gosto pessoal, mesmo.
Como revisor, posso dizer que uma coisa que me incomodou nestes livros é que eu esperava uma revisão mais cuidadosa do texto.  Particularmente, acredito que foi por isso que nasceu esta moda de falar mal do autor.
De qualquer forma, o estupendo sucesso de vendas do Paulo Coelho foi um mistério para mim por muito tempo, até que, um dia,

9 de agosto de 2010

Liberdade artística x mercado - a velha discussão...


olta e meia, sou abordado por escritores iniciantes em palestras ou por e-mail, perguntando-me sobre os limites da assim chamada "liberdade literária".
Colocando de outra forma: quanto de liberdade posso usar quando produzindo um texto, e quanto eu preciso me ater a regras? Diálogo precisa começar com travessão? Posso escrever com erros de português, se estiver representando um personagem que fala ou escreve errado? Posso escrever um livro da mesma forma que escrevo em um blog?
A pergunta, obviamente, é capciosa, e a resposta ainda mais.
No meu entendimento, teoricamente você pode fazer o que quiser quando está escrevendo.
"Tudo posso, mas nem tudo me convém" Paulo de Tarso, escritor e apóstolo
Eu digo teoricamente, assim, em itálico, porque há pelo menos dois grupos importantes a considerar:
  • Seus leitores. Se você quer agradá-los, precisa escrever algo que seja adequado ao seu público alvo. Quem compra um livro não espera (por enquanto) encontrar um diálogo do tipo "Vc naum gosta dela? kkkkkk!".

6 de agosto de 2010

Novidades no Blog


ovos rumos aqui no blog, seguindo algumas dicas do amigo Gabito, do http://www.carascomoeu.com.br/. Qualquer melhoria é mérito dele, qualquer piorada é culpa minha!  ;)

A partir de hoje, vamos ver posts mais frequentes, e mais curtos, para ficar mais adequado ao perfil do leitor da web.

Além disso, começamos uma repaginada geral, começando pelo visual - que espero ainda mexer, ajustando detalhes aos poucos, para ficar cada vez mais fácil e agradável de ler.

Nos vemos por aqui.

4 de agosto de 2010

Conseguindo uma indicação para seu livro

migos! Finalmente de volta das férias, vou começar os posts de dicas com uma resposta ao Gabito Nunes, do blog http://carascomoeu.com.br/ (@carascomoeu no twitter). Devido ao enorme destaque do blog do Gabito, (30 mil visitas/mês), “uma editora com ótima entrada no mercado resolveu bancar sua entrada no mercado editorial convencional”, como ele mesmo falou. Até aí, tudo ótimo. Acontece que a editora recomendou que ele buscasse um escritor de sucesso pra recomendar sua obra, como um "padrinho", o que levantou algumas questões, como “o quanto isso faz sentido”, “como entrar em contato com um escritor de sucesso” e outras. A seguir, transcrevo parte de minha resposta, que acho que traz dicas que podem ser úteis a qualquer escritor iniciante.
... no que eu conheço do mercado, o "corporativismo" ainda é muito forte ou, em outras palavras, uma indicação de alguém famoso ainda vale muito e abre muitas portas. Para vender, para conseguir algum destaque, é importante que o escritor monte sua rede de contatos com jornalistas, escritores, editores e outros do gênero. Isso também vale muito para os leitores: um livro de um desconhecido vale menos que um livro de um desconhecido com um prefácio do Paulo Coelho ou do Pelé (é, do Pelé, para o leitor médio não interessa se quem prefacia e indica é escritor ou crítico, mas sim se é famoso... :P). Provavelmente por isso sua editora pediu esta indicação. Da minha experiência com escritores famosos, eles quase nunca respondem a e-mail, e raramente leem originais, por simples falta de tempo (na maioria das vezes). Tenho um original que foi lido pela Lya Luft, mas ela só teve tempo de escrever uma frase de apresentação (um "blurb", como se chama nos EUA); mas isso foi em uma época em que ela não era tão badalada, então não sei se hoje ela leria um livro enviado por um desconhecido. Dito isso, vamos a algumas dicas: Antes de mais nada, procure autores com os quais você se identifica ou, melhor ainda, autores cujos trabalhos estão na mesma linha que o seu. Provavelmente as obras destes escritores têm o mesmo público-alvo que o seu livro, e também provavelmente eles devem gostar mais facilmente de seu trabalho que autores de outras linhas. Depois siga um dos passos a seguir, listados do mais fácil para o mais difícil.

9 de julho de 2010

Microtertúlias

ntes das férias, aproveito para publicar o texto do Fred Loal, escritor e amigo, que achei que tem tudo a ver com o que costumo falar aqui no blog.
Certos escritores escrevem e deixam as costuras à mostra, então podemos enxergar as tessituras da narrativa. Outros, muitos outros, não deixam nada à mostra, assim fica difícil visualizar todas as pregas, colas e encaixes da história que se conta. Exemplos do primeiro caso: sucessos de público, como Jorge Amado, John Grisham. Do segundo caso, James Joyce, Marcel Proust. Em meados do século passado, quem escrevia assim, algo nebuloso, mental, divagoso, era muito considerado. O Nobel William Faulkner escrevia de maneira genial sem deixar translúcida para o leitor as engrenagens da narrativa. Histórias de suspense ou de terror, por seu turno, tais como as de Edgar Allan Poe, em geral deixam tais tessituras ao alcance do tato do leitor. Me parece evidente que escritores de histórias policiais e de suspense não devem apostar em narrativas muito elusivas e elípticas, por assim dizer. Não se está falando que um modelo seja melhor do que outro. Mas é que, para escritores aprendizes, creio que o primeiro grupo faz muito bem; enquanto o segundo... Bem, pode ser fatal como modelo a ser seguido. É muito fácil errar na mão e se perder em viscosa massa de idéias metidas em infinitos discursos indiretos livres num mar de introspecção... Alguém diria: a criação é magia, sô. Ao que eu responderia: mas contar histórias, não; é trabalho, e dos que deixam a gente bastante aperreado! Aliás, gostaria de saber como os poetas montam seus caldos conotativos. Fred

8 de julho de 2010

Minhas publicações no iPad

ost super-rápido sobre minhas recentes publicações no iPad:

Aproveitem e divulguem!

7 de julho de 2010

Curso de Escrita Criativa da Sonia Belloto em Brasília! - e outras notícias...

ale a dica, para quem gosta de dicas: Conheça o blog da Ana Cristina Rodrigues, a “traça de livros falante”. Em seu último post, ela dá notícias sobre o livro que está produzindo com dicas para escritores iniciantes - http://talkativebookworm.wordpress.com/2010/07/06/dando-noticias. O trabalho dela é muito bom, aproveitem!

Vamos valorizar a cultura nacional! - Segue o recado do colega escritor João Bosco, da Casa de Autores: Assine e divulgue a petição para que o cordel seja reconhecido como patrimônio imaterial, em http://www.petitiononline.com/cordel/petition.html

Por último, mas MUITO importante: Não percam a oportunidade única de participar do Curso de Escrita Criativa para Formação de Escritores, da Fábrica de Textos. O curso será apresentado pela Sonia Belloto, autora do livro "Você já pensou em escrever um livro?", que traz a experiência de mais de setenta destes cursos apresentados em São Paulo! Ao fazer contato com a Fábrica de Textos (detalhes a seguir) por favor mencionem que foram indicados por mim - e qualquer dúvida podem também falar comigo!


Estou de saída para umas férias, daqui a três ou quatro semanas volto com mais dicas. Sugestões são sempre bem vindas!

20 de junho de 2010

Criando personagens melhores - e o resultado da promoção!

Amigos Escritores! Vejam, no fim deste post, o resultado do sorteio dos livros e da camiseta (da promoção que rolou em meu blog e twitter). Mas antes vamos ao que interessa – dicas para escritores!

Hoje vou dar mais algumas pinceladas na questão dos personagens, respondendo com mais profundidade algumas questões que me enviaram via twitter, como: “Será que criar uma ficha para cada personagem com todos os seus detalhes me ajudaria a molhar e perfumar meus textos?”, “Existem métodos básicos p/ anotações sobre perfil, histórico e links entre os personagens?” e outras do gênero.
Uma coisa que todo escritor deve ter consciência é que, seja na literatura, no cinema ou nos quadrinhos, personagens superficiais não despertam a empatia do leitor. E quando o leitor não se identifica com o personagem, dificilmente ele se importará com seu destino, fadando o livro, filme ou quadrinho ao insucesso.
Bons personagens têm vida própria. Um testemunho disso é que é todo escritor já passou pela surpresa de, ao escrever uma história mais longa, vê-la fugir do planejado porque os personagens “não agiram conforme o esperado”; ou porque um personagem falou algo que o escritor não esperava, e o autor “não podia mudar a fala, pois isso é exatamente o que ele deveria falar nesta situação”.
Bons personagens deixam o leitor perceber, nas entrelinhas, sua personalidade, pequenas manias, gostos e passatempos. Além disso, estes personagens fogem dos estereótipos e agem como pessoas reais ou, em outras palavras, não são homogêneos, evoluem dentro da trama e, em situações diferentes daquelas de sua rotina, mostram que são mais profundos e são capazes de tomar decisões que vão além do seu perfil básico.
Ao planejar uma história, sempre gaste um tempo na elaboração de seus personagens, escrevendo fichas ou mapas mentais (Dica: use o software gratuito, e bastante completo, FreeMind: http://freemind.sourceforge.net/). Alguns pontos a serem pensados para cada personagem incluem:
  • Características físicas: Como o personagem é, fisicamente falando?
  • Crenças: no que o personagem acredita, como ele lida com pessoas de outras religiões, se suas convicções são profundas, etc.
  • Perfil psicológico: Como é o personagem? O que gosta de fazer nas horas vagas? Tem algum hobby? Possui animais de estimação?
  • Origem: Onde nasceu o personagem? Em que meio social? Qual sua idade? Sua família é grande ou pequena? Onde mora?
  • Formação: Que escolas cursou ou cursa? Que empregos teve e tem? Ele gosta do que faz, ou faz por algum outro motivo?
  • Relacionamentos: O personagem tem amigos, colegas, namorada ou namorado, cônjuge? Como ele se relaciona com outras pessoas?
  • Metas pessoais: O que move o personagem? Onde ele quer chegar?
  • Obstáculos: O que o impede de chegar às suas metas? Inimigos, doenças, dúvidas, etc... Como um exemplo, segue o mapa mental de um dos personagens secundários de “O Nome da Águia” (http://www.onomedaaguia.com/), David O’Connor.
Ok, não dá para ler muito bem, mas acho que vocês pegaram a idéia, não? :)

Agora vamos ao resultado do concurso. Obrigado a todos que participaram - e fiquem antenados para futuros sorteios!
  • Ganhador da Camiseta e do livro: Jean Martins, http://twitter.com/JeanMartins. Jean, por favor me envie seu endereço e diga qual livro e qual camiseta você vai querer!
  • Ganhador do livro “O Nome da Águia” no twitter: Neste momento, o twitter não está retornando todos os RTs (alguma falha interna), assim que o problema estiver resolvido eu divulgo!

11 de junho de 2010

WRITE IN BRASÍLIA - Aproveite esta oportunidade!

Apenas um lembrete: O concurso para sorteio da camiseta e do livro continua! Leia o post anterior para detalhes!
O WRITE IN BRASÍLIA será um "retiro de imersão literária" com James McSill em Brasília para reduzido grupo de autores - apenas 16 vagas!. Saiba mais em http://www.writeinbrasilia.com/ ou pelos e-mails: oswaldopullen@gmail.com ou james@mcsill.com. RESERVE JÁ SUA VAGA PELO SITE! O que é: Retiro de imersão literária para escritores de ficção, conduzido por James McSill, especialista em modelagem de textos e 'coach' internacional para autores de língua portuguesa. Com o Write in Brasília, vamos ter James MacSill disponível novamente para os autores brasileiros, durante os dias de 25 a 29 de outubro, quando será possível obter as técnicas usadas pelos autores americanos e europeus de sucesso, mas ainda desconhecidas no Brasil. O programa será composto de: Cinco dias de sessões instrucionais em que não só o autor terá a oportunidade de descobrir as "manhas" e segredos da produção de textos apreciados por agentes e editoras internacionais, bem como estruturar um romance comercial na prática. Serão mostradas técnicas de desmontagem e montagem de texto e os fatores que tornam um romance num sucesso de venda. Leve um de seus manuscritos ou um livro que tenha sido um best-seller mundial. Programa básico: Seminários com tópicos sobre a construção de um romance: enredo, estrutura, personagens, pontos de vista, emoção, conflito, descrição / narração, sequenciamento, mostrar versus contar, simetrias de cenas e de capítulos e técnicas práticas para turbinar um romance já pronto. Exercícios práticos de criação, incluindo o uso de programas de computador que ajudarão os participantes a dar voz a seus personagens, e ritmo a seu texto. Sessões de feedback em que os autores testarão a sua produção junto ao grupo. Além disso, haverá sessões individuais para o exame de material levado pelos participantes, e de suas necessidades particulares, onde serão discutidas obras já prontas, ou traçar planos que levem o autor a seus objetivos.A metodologia utilizada cria um ambiente descontraido para que os autores, num espaço de amizade e apoio mútuos, descubram ou desenvolvam a sua própria voz.

2 de junho de 2010

Promoção! Sorteio de Livros e Camiseta - e Dicas sobre Escrita de Diálogos

Amigos que me acompanham no twitter (http://twitter.com/AlexandreLobao) e aqui no blog! Para demonstrar meu agradecimento pelo apoio e participação de vocês, vou realizar dois sorteios, a serem realizados no dia 18/06 :
  • Dentre os que me seguirem no twitter e RT ("retwitarem") a mensagem abaixo, vou sortear um exemplar de "O Nome da Águia" (http://www.onomedaaguia.com)./
#PROMOÇÃO 2 #Sorteios 18/06: #Livro http://bit.ly/NomeAguia, RT e siga @AlexandreLobao; Livro e camiseta detalhes em http://bit.ly/BlogLobao
  • Dentre os que assistirem ao trailer de 60 segundos do livro "O Nome da Águia" em http://www.onomedaaguia.com/, e comentarem este post com a resposta à pergunta; "Como são chamados os inimigos dos Khedoshim?", será sorteado um de meus livros e uma camiseta, à escolha do vencedor. Livros: "XNA 3.0 game programming", "O Nome da Águia" ou "A Caixa de Pandora"; Camisetas: branca, com capa alternativa de "O Nome da Águia", branca com capa de "A Caixa de Pandora" ou verde com a capa de "O Nome da Águia". Obviamente, não aprovarei os comentários com as respostas para não "entregar o jogo"!
Detalhe: os prêmios serão enviados apenas para endereços no Brasil. Divulguem e participem!

Voltando agora, finalmente, às dicas para escritores, vou postar aqui o excelente comentário do colega escritor Gleison / Kractus, em resposta ao meu post sobre diálogos, inserindo comentários meus em itálico. Obrigado, Kractus! Nunca é demais destacar que a resposta para todas as perguntas colocadas abaixo é simples: Você decide! Não existe exatamente “certo” e “errado” em relação a como escrever diálogos, mas de qualquer forma vamos tecer algumas considerações...

Alexandre, existem também diferentes formatações ou sintaxes?
R: Sim, com certeza. Selecione 10 livros quaisquer em uma biblioteca, e provavelmente você verá pelo menos 5 formas diferentes de representar um diálogo.

19 de maio de 2010

As incríveis memórias de Samael Duncan - Cila, Parte IV (final)

Amigos! Aqui vai a última parte do conto "Cila", na verdade o capítulo 2 do livro em que estou trabalhando, "As Incríveis Memórias de Samael Duncan" (título provisório). Quem leu ate agora sem comentar, este é um bom momento! No próximo post: Concurso com sorteio de livros e camisetas, aqui e no twitter! Fiquem ligados!
Sair de Veneza naquele dia foi uma das coisas mais penosas que já fiz na vida, quase tão difícil quanto deixar Caterina partir anos antes, naquele nublado dia de março, no início de uma primavera que não florescia em meu coração. Com um nó na garganta, vi a cidade sumir rapidamente no horizonte dos trilhos da ferrovia. Adolf Hitler era ainda um promissor estadista indicado ao prêmio Nobel da Paz, e a Europa sufocava angustiada com a recessão continuada desde o fim da Primeira Grande Guerra - que eventualmente seria o estopim da Segunda - quando finalmente pude retornar a Veneza. Cerca de sete anos haviam se passado desde a última vez que encontrara com Cila. Desci do trem no bairro de San Marco e corri para a hospedaria mais próxima, onde acertei o pagamento com o anfitrião, deixei as malas e aluguei uma bicicleta para chegar mais rápido até o Lido. Quando passei pelo rio Dei Greci, meu coração saltava pela boca, mais pela emoção do que pelo esforço de desviar dos pedestres em alta velocidade. Encostei a bicicleta no portal quebrado da casa, e entrei quase correndo, chamando seu nome, esquecendo o cuidado com as tábuas apodrecidas. Com medo do que poderia achar, sofreei o passo à medida que descia as escadas. Minha voz chamava seu nome quase em um sussurro, como se receasse acordar algum sonho perdido na penumbra do andar de baixo. Com a água suja subindo até a barriga, andei até a mesa próxima à janela onde Cila usualmente ficava. Na luz do fim do dia, vi sobre a mesa um pequeno colar de prata, com um pingente em formato de concha no qual se viam três entalhes de símbolos que não consegui identificar. Sob o colar, uma folha amarelada coberta de poeira deixava entrever uma mensagem escrita com letras firmes e assinada elegantemente. “Caro Samael, Quebrei minha promessa, mas imagino que Fabrício teria aprovado. Agora que me sinto forte retornarei ao meu povo. Deixo aqui um presente que é um símbolo de nossa amizade: carregue-o com você, e sempre que precisar de meu povo, alguém estará por perto para ajudá-lo. Cila.” Entre feliz pela decisão dela e decepcionado por não mais poder ouvir sua voz, coloquei a mensagem no bolso e o colar no pescoço, desejando sair logo daquele lugar que, apesar de me trazer boas lembranças, tinha um certo tom lúgubre na penumbra crescente da noite. Na minha pressa, a meio caminho da escada escorreguei em algo e afundei de uma vez na água escura. Levantei sobressaltado, e, estranhando a quantidade de obstáculos naquele canto da sala, afundei um braço e alcancei o objeto que provocara meu tropeço. Assim que percebi que havia pegado um osso de uma pilha de restos humanos, lancei-o para o lado e, transido de medo e por um súbito frio, corri para a salvação dos degraus que se projetavam para o andar superior, a poucos metros de distância. Corri de bicicleta até não agüentar mais, e só então parei para respirar. O amuleto pendia sobre meu peito arfante, zunindo suavemente na quase escuridão do início de noite. Nunca mais vi Cila, mas mesmo agora, quando olho pela minha janela para o mar distante, pareço ouvir o eco de sua voz no som das ondas quebrando na praia.
Estranhamente, termino de escrever e ainda me sinto cheio de energia, como se a lembrança das aventuras passadas pudesse realmente trazer sangue novo às minhas veias. Sorrindo, tiro a bengala do colo e a levo ao chão. O baque surdo faz a enfermeira levantar os olhos de sua indefectível revista e se aproximar. - O senhor deseja se levantar? Precisa de ajuda? Olho para ela, depois para a bengala que se apóia no assoalho de madeira, e finalmente para minhas mãos, que após soltarem a pena voltam a tremer ligeiramente. - Não, querida. Só estou treinando. Quem sabe amanhã? Ela sorri para mim, como querendo me encorajar. Sorrio de volta. Estico a mão até uma pequena gaveta sobre a mesa onde escrevo, uma gaveta que eu não abro desde 1988, após o incêndio que destruiu meu quarto. Em um gesto automático, puxo de lá um colar e o coloco no pescoço. No meu peito, o talismã em forma de concha parece pulsar em ressonância com as ondas distantes, como que desejando bombear uma nova vitalidade para meu sangue envelhecido. Mas, como boa parte das minhas lembranças a respeito de Cila, isso também pode ser produto da minha imaginação. Repito em voz baixa, como um mantra direcionado mais para mim do que para a enfermeira, que me ouve atenta. - É!... Quem sabe amanhã...

Convite - Encontro com a Casa de Autores

Prezados(as) A Arco Iris Distribuidora de livros, em parceria com a associação das editoras Berlendis&Vertecchia, Biruta, Mercuryo Jovem, Nova Alexandria, Panda e Peirópolis. Convida sua escola (coordenadores, professores, alunos, adultos em geral) para participar do 1º encontro dos autores do Grupo. Após as palestras um bate-papo descontraído e troca de experiências entre público e escritores. Segue o convite abaixo. Para confirmar sua presença você pode responder por e-mail. Informações: (61) 3244-0940 – (61) 9966-0441 – (61) 9966-0523 – (61) 8473-6816 Vagas limitadas. Os livros dos autores estarão à venda no local. Até lá !!!

12 de maio de 2010

As incríveis memórias de Samael Duncan - Cila, Parte III

Continuando com a pausa nas dicas para escritores, segue a terceira parte do capítulo 2 do livro em que estou trabalhando. Estou publicando apenas para seguir o prometido. Semana difícil, depois falamos disso.
Cila – este era o nome dela – era uma velha senhora que vivia naquela casa abandonada. Quando entrei no primeiro andar da casa, naquele primeiro dia, não pude deixar de me espantar com a sua figura impressionante. Os cabelos, embora totalmente brancos, eram incrivelmente lisos e brilhantes mesmo à luz da vela, penteados com algum cuidado em uma grande trança que caía sobre seu ombro esquerdo. O rosto, que deveria ter sido incrivelmente belo, deixara a decadência da velhice amarelar não apenas a pele, mas também os olhos, embora as íris azuis ainda fossem claras e vivazes, e pareciam ter um estranho movimento que recordava dos mares da minha infância na Escócia. Suas roupas, rotas, deixavam denotar um grande e antigo luxo, derrotado, como ela, pelo tempo. Mas o que realmente deixou-me espantado foi como a encontrei: sentada por detrás de uma mesa, com a água pouco acima da cintura e um grande livro iluminado por um toco de vela assentado em um pequeno candelabro enferrujado, ela me olhava como se eu fosse um intruso em sua pequena mansão, um visitante incômodo que estava ali apenas para perturbar a sua tranqüilidade. Totalmente sem jeito pelo olhar que parecia me despir, não tive nem mesmo coragem de perguntar o que a velha senhora fazia dentro d’água, apenas gaguejei um cumprimento quase desconexo. Se bem me lembro, algo como: “Olá... Meu nome é Samael... Eu... Desculpe, eu não queria incomodar!”. A gargalhada da estranha mulher arrepiou-me não por ter nada de assustador, mas justamente pelo contrário: todo meu corpo sentiu a força de seu divertimento com meu embaraço, como se fosse eu, e não ela, quem estivesse a rir. Uma onda de tranqüilidade e felicidade me inundou. “Olá, Samael! Venha, aproxime-se! Você não está incomodando, oh não, Deus sabe que não! Meu nome é Cila!” Tentei parecer natural enquanto caminhava com água até a cintura, enquanto ela continuava falando com aquela voz que tinha estranhos efeitos sobre mim. Lembro exatamente de suas palavras: “Você me lembra meu querido e falecido marido, Fabrício! Como ele era sem jeito, às vezes!”. Sem saber se me ofendia ou me divertia, sentei em uma das cadeiras submersas, tentando evitar uma careta enquanto a água fria subia pela minha barriga. Cila riu novamente, e desta vez não consegui resistir, e minha risada se uniu à sua. A partir daquele momento, nos tornamos amigos. Não caberia aqui listar todos os diálogos que tive com Cila, onde usualmente eu contava fatos do cotidiano, as novidades comentadas na feira, as maravilhas que eu parecia descobrir nos pequenos detalhes do mundo a cada dia; que ela entremeava com comentários que usualmente davam um brilho extra às minhas observações, ou com perguntas sobre pequenos detalhes que, muitas vezes, haviam me passado despercebidos. Sei apenas que simplesmente sua voz dava-me um prazer indizível, eu me sentia como se estivesse novamente apaixonado; como se, além de Cila, minha doce e saudosa Caterina também estivesse ali, rindo, conversando e se divertindo conosco. Durante mais de um ano adiei minha saída de Veneza, a pretexto de estar procurando por novos negócios, somente para estar ali com ela, para tentar entender um pouco mais daquela senhora que efetivamente vivia no primeiro e alagado andar de um prédio abandonado. Mas quase nunca falávamos sobre ela, que sempre conseguia desviar-se graciosamente de quaisquer perguntas sobre seu passado. Chegou o dia, porém, que não pude mais ficar por ali. Além dos afazeres de meu emprego de caixeiro viajante, meu sangue aventureiro começava a se incomodar por estar tanto tempo em um mesmo lugar. No dia da despedida, cheguei à casa de Cila com o coração pesado. Percebendo rapidamente meu estado de espírito, Cila segurou minha mão e olhou nos meus olhos. Com palavras que eu não saberia reproduzir, pois tinham mais sentimentos que sons, ela me disse que nunca poderia agradecer o suficiente pela felicidade que eu havia lhe proporcionado no último ano. E pediu que, se um dia eu retornasse a Veneza, não esquecesse de visitá-la. Apertei sua mão – cuja pele era extremamente macia, apesar da idade – e retribui o olhar. Neste momento, percebendo que o momento de intimidade abria uma porta, perguntei a ela, diretamente, por que vivia ali. Afinal, eu sabia que ela gostava do mundo “lá fora”. Cila soltou minha mão, como que ofendida por eu tentar invadir sua privacidade, mas com um suspiro sua expressão acabou por suavizar. Com seu jeito de escolher as palavras sempre perfeitas, ela me disse que há muito, muito tempo atrás, fizera uma promessa a Fabrício, seu falecido marido, que a obrigou a viver longe de seu povo. E disse-me que seria muito complicado explicar, mas que tampouco podia viver entre o povo de Veneza. Desta forma, só lhe restava ficar ali, naquele resto de casa, onde um dia havia vivido feliz com o marido. Ficamos muito tempo nos olhando sem saber como continuar aquela conversa. Finalmente, depois de não sei quantos intermináveis segundos em que Cila me suplicava com seu olhar que a tirasse da situação sem saída, suspirei, mordi os lábios e consegui falar alguma coisa: “Cila... Faz muito tempo que seu marido se foi?” Seus olhos se encheram de lágrimas quando disse que sim, fazia muito, muito tempo. “Desde o fim da ´Sereníssima´” foi o que ela falou, e só anos depois, ao estudar a história de Veneza, é que fui descobrir quanto tempo isso significava. Ela suspirou, baixou o rosto para o lado e viu seu reflexo nas águas, emoldurado pelos cabelos que, soltos, afundavam suas pontas na água escura do rio. “Cila,” - eu tive coragem de falar, algum tempo depois - “não sei exatamente qual foi sua promessa, mas se você a cumpriu durante toda a vida dele, deve ter sido suficiente. Precisa ter sido o suficiente. Tenho certeza que Fabrício, qualquer que tenha sido esta promessa, não gostaria de vê-la aqui, neste lugar, vivendo deste jeito”. Ela ainda olhava, entretida, o seu reflexo. Suas mãos puxaram parte do cabelo para trás, derrubando grossos fios de água pela parte seca de seu vestido e sobre a mesa. Parecendo delirar com seu reflexo, ela concordava comigo, com a voz soando como se estivesse longe dali. “É vero... Fabrício me amava! Ele não gostaria de me ver assim... Pareço uma velha! Esta promessa está me matando aos poucos!” Eu iria sorrir de seus delírios – afinal, ela era uma velha - mas a gravidade no tom de sua voz forçou-me a ficar sóbrio. Finalmente, Cila levantou seu rosto com um sorriso que poucas vezes eu vira naqueles últimos meses. Quando falou, sua voz soou forte e límpida, sem a rouquidão que eu havia acostumado a ouvir. Como uma antiga rainha que recobrasse sua realeza, ela indicou que eu partisse, que ela iria ponderar minhas palavras. Sorrindo, segurei novamente sua mão e a trouxe gentilmente até a boca, dando um suave beijo de despedida, agradecendo sua sincera amizade e confirmando que ali retornaria um dia para vê-la. Ao sair, ainda ouvi sua voz, soando mais como uma bênção do que como um desejo de despedida: “Buona ventura!”

5 de maio de 2010

As incríveis memórias de Samael Duncan - Cila, Parte II

Continuando com a pausa nas dicas para escritores, segue a segunda parte do capítulo 2 do livro em que estou trabalhando. Vou publicar trechos maiores, então teremos apenas mais 2 partes depois desta. Aceito críticas e comentários! :)
Veneza, Itália, verão de 1927. Caminho maravilhado pelos passeios da cidade. Meus olhos procuram detalhes, indo bem além da Piazza San Marco e da catedral de San Giorgio Maggiore, perdendo-se em becos estreitos e alamedas meio submersas, onde gôndolas e caponeras colorem as ruas outrora povoadas por cavalos e carruagens. Admirava-me o fato de os andares térreos de todos os prédios encontrarem-se parcialmente submersos, sendo o acesso realizado pelo primeiro andar; nível no qual se encontram as atuais calçadas e pontes. Em alguns pontos da cidade, mesmo o primeiro andar perigosamente se aproximava da água. O fim do longo dia me surpreende andando pela periferia da cidade, na Via de San Lorenzo, onde uma pequena feira que se estende até a Via Borgolocco vende peixes e frutas, além de delicados artesanatos em vidro criados por caprichosos sopradores e tecidos crus bordados por gordas matronas sorridentes. Procurando o caminho à hospedaria onde estava passando as noites, passei por uma casa abandonada e, ao cruzar uma estreita ponte sobre o que outrora provavelmente fora uma rua comercial, um ponto de luz me chamou a atenção. De cima da ponte, pude reparar que a luz bruxuleante de uma vela iluminava as vidraças meio cobertas pela água do andar térreo da antiga habitação. Movido por um estranho sentimento, como se algo me levasse a tal, retrocedi sobre meus passos e sem muita dificuldade adentrei na construção abandonada, cuja porta havia sido substituída por duas tábuas pregadas no batente, em um grande xis. O chão antigo rangeu perigosamente sob meus pés quando, buscando as partes mais sólidas, aproximei-me de uma escada de pedra que descia para o andar inferior. Com meu italiano arrastado, aprendido anos antes nos parreirais do sul da Itália, perguntei se havia alguém por ali. A resposta atingiu-me com uma força que não posso descrever, pois antes mesmo que meu cérebro entendesse a ordem para sair dali; minhas pernas já haviam começado a se mexer, como se tivessem vontade própria. Foi quase na porta de saída, com o coração aos saltos, que finalmente comecei a decifrar o que havia sido falado. Era um som estranho, conflituoso, que apesar de claramente ter sido dito apenas por uma pessoa, chegara a meus ouvidos como se duas vozes houvessem ordenado simultaneamente que eu saísse. No entanto, apesar de nenhuma palavra ter sido dita, eu sentia como se uma terceira voz tivesse me sussurrado aos ouvidos: “Ajude-me”. Foi esta terceira voz, apenas pressentida, que me fez cautelosamente retornar, parando novamente à beira da escada e falando, agora com um tom mais gentil, que eu não queria incomodar, mas oferecer ajuda. Novamente, a estranha voz veio do andar inferior, meio coberto de água. Mas desta vez pude perceber claramente que apenas uma voz falava, num tom quase rouco de velhice, mas que deixava entrever tratar-se de uma mulher: “Saia daqui! Não quero ajuda!”. E, embora as palavras fossem inequívocas, o tom de desespero na voz era agora ainda maior do que antes. Pedi licença e desci os negros degraus.

29 de abril de 2010

Pausa para abrir espaço para o Samael Duncan... Cila, Parte I

Amigos! Farei uma pequena pausa nas dicas para escritores para mostrar um pouco do meu trabalho - Afinal, se dou dicas sobre como escrever, preciso escrever também para exercitar o que sugiro! :) E aqueles que já me enviaram textos para revisão/comentários, aproveitem para se vingar! ;) Vou publicar aqui o "conto" "Cila", premiado no concurso do SESC de contos de 2006. Digo "conto" pois na verdade é um capítulo de meu próximo livro, que apresenta a transcrição das memórias de Samael Duncan (falo mais sobre ele em outra oportunidade. Por hora, basta saber que ele foi um grande aventureiro - ou um grande mentiroso). Como o conto tem algumas páginas, vou publicá-lo em partes, para não "pesar" demais na leitura. Divirtam-se!
Sento na cama quase em um salto, abrindo os olhos antes mesmo de acordar. Inspiro o ar pela boca, desesperadamente, como quem retorna à superfície depois de um longo mergulho. Sentada ao lado da cama, a enfermeira se assusta e derruba sua revista no chão, porém anos de treinamento dão direção ao sobressalto, e em segundos ela está junto a mim, verificando se estou bem. Um sonho. Foi tudo apenas um sonho. Não me recordo exatamente dos detalhes, só lembro que estava novamente entre os destroços do Seagull II, navio mercante inglês atingido em pleno Mediterrâneo por um torpedo alemão. Eu afundava, puxado para o fundo pelo empuxo do anteriormente orgulhoso barco, e olhava para cima, enquanto a luz da superfície ficava mais e mais longe... Lembro de um último pensamento que dediquei a Caterina, quase desejando o esquecimento final que quiçá levar-me-ia ao seu encontro. Em meu sonho, no entanto, nunca chegavam as mãos que naquele fatídico dia haviam me segurado firme e me levado de volta à superfície, como que completando um batizado profano nas águas saturadas de óleo e sangue. Com alguma ajuda, após o café sou levado da cama à cadeira de rodas. Apenas por hábito, coloco a bengala sobre a manta que cobre minhas pernas, pois quase não recordo da última vez que consegui ficar de pé apenas com seu apoio. Prestimosa, a enfermeira me leva novamente ao escritório, onde tenho ficado ultimamente. A meu pedido, retorno à frente da mesa e à pilha de papéis que clama por minhas memórias. É curioso como, mesmo após tantos anos, os detalhes me vêm prontamente à memória. De fato, as memórias mais antigas parecem mais vivas que o dia a dia em que as tenho registrado. Não preciso pensar muito sobre o que irei escrever hoje. Hoje falarei sobre Cila, que conheci em minhas viagens a Veneza bem antes que a Segunda Grande Guerra tornasse a Europa um lugar por demais desagradável para visitar, pelo menos por alguns anos. Não que eu tenha me furtado a isso. Mas minhas passagens pelo front Russo e os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau são por demais dolorosas para lembrar. Talvez um dia eu me anime a tal, mas não hoje. Hoje, falarei sobre Cila.
Mais na semana que vem!

19 de abril de 2010

Saiu meu primeiro livro em português no Kindle (ou "Quer publicar no Kindle? Pergunte-me como...")

migos!
Depois de um longo e tenebroso inverso, cheio de clichês como este, saiu para o Kindle / Brasil minha primeira publicação em português (tenho outros três livros publicados lá, mas são em inglês).
Dicas rápidas para quem quem publicar no Kindle:
1) Vá ao site: https://dtp.amazon.com/mn/signin e "se logue" com sua conta de cliente da Amazon (ou crie uma na hora, se não tiver)
2) Tenha em mãos seu livro em formato do editor de textos Microsoft Word. HTML também serve, mas é ruim para a formatação; PDF nem pensar. tenha também uma imagem da capa, em boa resolução
3) Tenha em mãos, também, uma declaração da editora (caso você não seja a própria editora) por onde saiu o livro, indicando que você tem os direitos para publicar o livro no Kindle "all over the world" (sim, a declaração precisa estar em inglês)
4) Após se logar, vá na área do "dashboard" (é fácil de achar), e simplesmente publique seu livro: preencha os dados do livro, incluindo uma resenha, envie a capa e o texto, confira se o texto ficou bom (tem um "simulador de Kindle"), confirme que tem os direitos sobre o livro, indique o valor que você deseja receber, indique em que países deseja vender seu livro, e pressione "publicar".
5) Espere alguns dias. O livro deve aparecer como "Live" no dashboard, e se nada der errado vai aparecer ao mesmo tempo para venda no site da Amazon, com o valor de 2 dólares a mais do que você pediu para venda.
6) Em caso de problemas (SEMPRE ocorrem, pelo que pude ver, exceto se você publicar para venda apenas nos Estados Unidos), entre em contato com suporte da Amazon. Demorei muito tempo até conseguir achar o e-mail deles, então anotem aí: dtp-support@amazon.com. Nem perca tempo nos fóruns de suporte, eles quase nunca respondem por lá, e por e-mail respondem rapidamente. Basicamente, é isso. Dúvidas são bem vindas nos comentários!

Segue a release do livro que publiquei no Kindle:
Título: A Caixa de Pandora e Outras histórias
Endereço: http://www.amazon.com/dp/B0036VO5EW
Release: "A Caixa de Pandora e outras histórias", publicado em maio de 2000, foi o primeiro dos livros de Alexandre Lobão, autor de "O Nome da Águia". Com toques de realismo mágico, tramas envolventes e finais surpreendentes, este livro mostra que desde sua estréia o autor já dominava a técnica de envolver os leitores e levá-los a um mundo onde os limites entre real e imaginário são tênues como um virar de páginas. Nesta edição especial para o Kindle, o livro conta com três novos contos, todos premiados em concursos literários no Brasil: "Betes!" e "Sete Dias", contos de ficção científica premiados nas edições de 2008 e 2009 do concurso FC do B, e "As incríveis memórias de Samael Duncan, parte II - Cila", premiado no concurso do SESC em 2006, e que é uma prévia do próximo romance do autor.
Algumas opiniões sobre a obra:
"Mágico! Assim se expressará quem ler A Caixa de Pandora. Parece filme, parece gibi... é tudo ao mesmo tempo. O contador de histórias, com talento, diversifica temas e utiliza o recurso do diário, com isso somos levados a acreditar que os fatos realmente estão acontecendo ou aconteceram. Mas é impossível descobrir onde começa a fantasia." Joilson Portocalvo, escritor
"Confesso que, ao encetar a leitura, não me sentira entusiasmado, talvez por o apresentador dizer que o livro lembrava muitos ingredientes, inclusive o gibi, que jamais foi de minha preferência. Mas com o beneplácito de ambos os responsáveis pela identificação do autor, que é estreante, pus-me à leitura e, admito, tive vontade ou necessidade de percorrer as páginas de 'A Caixa de Pandora e Outras Histórias' com sofreguidão. Seu conteúdo, seus nove contos, é instigante, tornando-me prisioneiro do enredo, de cabo a rabo." Manoel Hygino dos Santos, Jornal "Hoje em Dia"
Leia a resenha, comentários da imprensa e assista ao teaser trailer do livro no meu site, http://www.alexandrelobao.com/
Grato pela atenção, peço que ajudem a divulgar o livro e meu blog! :) Saúde, Paz e Sucesso para todos!

5 de abril de 2010

Entrevista na TV Senado - e resenha do livro Uhuru

Para quem não pôde assistir, minha entrevista para a TV Senado está disponível no sítio institucional do Senado, no link "downloads" de http://www.senado.gov.br/TV. Na entrevista, falo um pouco sobre criação literária e sobre o romance "O Nome da Águia". Segue a chamada para a entevista, transcrito do sítio do Senado.
O escritor Alexandre Lobão é um apaixonado pela leitura, ele ensina que “ler como um escritor” é também uma forma de aprender a escrever. Diz na entrevista ao Leituras, que “um bom romance nasce dentro do coração”, quando surge uma ideia que precisa inevitavelmente ser exposta, “jogada pra fora”. Neste programa, ele apresenta o romance “O nome da águia”, obra em que exercita o ato de escrever criando caminhos narrativos para prender a atenção do leitor.

Em paralelo, saiu no blog "O que elas estão lendo" uma resenha do "Uhuru", livro infanto-juvenil que lancei no segundo semestre do ano passado. Confiram estas e outras resenhas no blog "O que elas estão lendo", um lugar obrigatório para quem gosta de ler e estar em contato com outros leitores que têm o que dizer: http://elasestaolendo.blogspot.com/2010/04/uhuru.html

29 de março de 2010

Sobre “metodologias” de escrita de romances

Seguindo a sugestão do colega “Escriba Encapuzado”, preparei este post sobre metodologia de escrita. Muito do que eu pensei em escrever para este artigo já foi dito por ele, em http://escribaencapuzado.wordpress.com/2010/03/13/metodologia-510/#more-506 – confiram! Antes de mais nada, vale dizer que cada escritor tem seu método próprio – que não necessariamente farão sentido para você! Para ficar em apenas um exemplo esdrúxulo: Isaac Asimov, o mais prolífico escritor de Ficção Científica, só conseguia escrever quando era continuamente interrompido – tanto que em certa entrevista ele relatou que, ao se casar pela segunda vez, sua nova esposa fazia tanto silêncio na casa que ele não conseguia se concentrar, e teve que pedir para ela vir ao seu escritório de vez em quando “para perturbá-lo”. Obviamente há uma história que motivou este hábito, que posso contar em outra oportunidade. Após ler diversos livros e conversar com vários escritores, hoje acredito que podemos dividir os métodos de trabalho entre dois extremos, com inúmeras graduações entre eles. De um lado, temos o método chamado de “pegadas na neve” ou “pegadas na areia”, ensinado por muitas oficinas de escrita criativa, especialmente as criadas a partir dos cursos de graduação em produção literária dos Estados Unidos, que seguem este método. Basicamente, neste método o autor define os personagens e suas motivações, estabelece um rumo inicial para a história, e “sai escrevendo”. Escreve, escreve, escreve, e quando percebe que algo não se encaixa, e não consegue achar uma boa solução para evoluir a trama, ele volta atrás (seguindo a trilha que deixou, suas “pegadas”) até o ponto onde a história tomou o rumo atual e, jogando tudo dali para fora no lixo, começa a escrever em uma nova direção. Um dos exemplos mais famosos de uso desta técnica é o de Fernando Sabino, que escreveu 1300 páginas para “O Encontro Marcado”, e aproveitou somente 320. E não se enganem: esta forma de escrita, apesar de parecer pouco produtiva, gera excelentes histórias! No outro extremo, temos uma abordagem que podemos chamar de “estruturalismo” ou abordagem “top-down” (de cima para baixo), seguindo o uso comum deste termo no gerenciamento de projetos. O autor começa com uma idéia, depois a detalha, descrevendo pontos principais de uma trama, depois as cenas ou capítulos que ligam estes pontos, para finalmente, com a estrutura definida, começar a escrever o livro. Neste caso, a organização do livro pode seguir ou não uma das diversas estruturas sugeridas para isso, como por exemplo a estrutura da “Jornada do Herói” descrita no livro “O Herói de Mil Faces” (de Joseph Campbell), ou a estrutura de roteiros de cinema (que funciona bem para livros) do “Manual de Roteiro” (de Syd Field). A vantagem desta abordagem é que diminui a ocorrência de “bloqueios”, pois o autor já sabe a priori para onde a trama irá evoluir – embora muitas vezes ela passe por outros pontos, conforme a história vai evoluindo. Minha experiência pessoal: Organizar as idéias antes de escrever, para ter uma boa noção da estrutura da história, ajuda muito. Escrevi “O Nome da Águia” (http://www.onomedaaguia.com/) seguindo uma abordagem estruturalista bem detalhada e o resultado, modéstia à parte, ficou muito bom. Já em “As Incríveis Memórias de Samael Duncan” (título provisório), que estou escrevendo agora, eu segui uma abordagem totalmente ao estilo das “pegadas na neve”; o resultado foi tão bom quanto o anterior, ou até um pouco melhor, mas ao chegar mais ou menos ao meio da obra precisei parar e planejar os próximos passos, porque fiquei “bloqueado”. A dica mais importante continua sendo, sempre: escreva! Só se aprende a escrever escrevendo.

26 de março de 2010

Abertas as inscrições para o edital RUMOS LITERATURA 2010-2011 do Itaú Cultural

O programa Rumos Literatura 2010-2011, conta com o apoio da Anpoll - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e em Lingüística (http://www.anpoll.org.br/site/). Inscrições gratuitas: de 3 de março a 31 de julho de 2010. Público alvo: todas as pessoas interessadas nos temas propostos, independente do nível escolar e atividade profissional. Em sua quarta edição, o programa Rumos Literatura é dirigido aos interessados em desenvolver textos reflexivos sobre literatura e crítica literária brasileira contemporânea. A novidade desta edição é a possibilidade de estrangeiros se inscreverem. O programa busca colaborar no desenvolvimento de potencialidades ao estimular a formação do interessado em literatura na ampliação de sua rede de relacionamentos intelectuais e profissionais e, posteriormente, lançar e divulgar uma publicação com sua produção autoral. O programa está dividido em duas categorias: 1. Produção Literária, para projetos de ensaio que tratem de um tema relativo à produção literária brasileira a partir do início dos anos 1980. 2. Crítica Literária, para projetos de ensaio sobre a produção crítica na literatura brasileira realizada a partir do início dos anos 1980. Importante: o interessado não precisa escrever o ensaio final, apenas o projeto que será desenvolvido em 2011, conforme consta no edital. Leia o edital completo, regulamento, prêmios e saiba com se inscrever na página http://www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_pagina=2708.. Dentre os prêmios, os selecionados receberão apoio financeiro mensal e remuneração referente ao licenciamento dos direitos autorais do trabalho concluído e aprovado. E-mail tira dúvida: rumosliteratura@itaucultural.org.br Acompanhe as notícias e comentários sobre o programa Rumos no blog http://rumositaucultural.wordpress.com/. Contamos com a sua inscrição e boa sorte!

Entrevista na TV Senado sobre criação literária

CONVITE: Amigos, Convido todos a assistirem minha entrevista na TV Senado, onde falo sobre criação literária, oficinas e, obviamente, sobre meus livros, especialmente "O Nome da Águia" (www.oNomeDaAguia.com). Agradeço a quem puder divulgar! Horários:
  • Domingo 28/03, às 08:00h e novamente às 20:30h;
  • Sábado 03/04, às 09:30h e às 20:00h.

23 de março de 2010

Mais sobre o "Write in Atlanta" - e anúncio de oficina de escrita criativa em SP

Amigos! Estou com dois posts "na manga", esperando para serem escritos, conforme pedido de alguns colegas nos comentários: um falando sobre metodologia de escrita, e outro falando sobre direitos autorais - será que precisamos ter medo de que roubem nossas idéias? Enquanto isso, dois anúncios que acho muito importantes.

Primeiro, para quem deseja melhorar sua técnica, a 71a oficina da Fábrica de textos em SP é uma boa pedida; com a excelente e experiente Sonia Belloto. Segue o convite!
Convite para oficina de Escrita criativa da Fábrica de Textos

Em segundo lugar, para aqueles que já tem algum material para mostrar e gostariam de ampliar horizontes conhecendo mais sobre o mercado nacional e internacional, além de fazer excelentes contatos, segue um mail recente do James McSill, convidando para um chat neste domingo.

Caro[a] autor [a], Você está levando os seus textos para o Write in Atlanta? Você vai participar das sessões de “pitch”? Você vai contratar uma conversa em particular com alguém que poderá intermediar a publicação de seu livro nos EUA ou mundialmente? No domingo, dia 4 de Abril, as 5 da tarde, hora do Brasil, vou fazer uma sessão no Skype para dirimir dúvidas e mostrar técnicas de apresentação de obras num evento como o de Atlanta. A sessão de consultoria utilizando VOZ será gratuita, mas apenas para aqueles autores já inscritos no evento. Após o encerramento da sessão de voz, todos aqueles que se interessarem pelo assunto, inscritos ou não, serão bem-vindos na sala de CHAT. Esta sessão será em português apenas, mas está aberta para aqueles autores espanhóis que entendem português. Para participar na sessão de voz: envie o seu SKYPE e mencione se você se inscreveu através da página brasileira ou americana/europeia do evento. Para participar na sessão de CHAT: clique no link abaixo no dia e hora marcados [Dom 4 de Abril, as 18:30, hora do Brasil]. O chat será público, não há necessidade de “senha/password”. Crie um ‘apelido’ e entre na sala para conversar. Para saber mais sobre o evento acesse http://www.write-the-world.com/ ou, o meu site, http://www.mcsill.com/ Se ainda estiver pensando se esta é uma oportunidade a ser aproveitada, há uma página de FAQ’s em português no site do evento, graciosamente elaborada por Flávia Mariano. Abraços, Jamie http://www.mcsill.com/