28 de setembro de 2011

Mudança de ponto de vista nas narrativas - parte I


lguns leitores do blog me pediram para falar sobre "mudança das narrativas":
  • "Comecei a escrever meu livro há pouco tempo e tenho certa dificuldade ainda com, digamos a passagem de um narrador para o outro. Eu gosto de escrever em primeira pessoa, e gostaria de saber como eu faço para descrever ou não descrever essa quebra de primeira, segunda ou terceira pessoa ao estar narrando minha estória."
  • "Sobre a mudança das narrativas, é um assunto que também me interessa bastante. Pois é uma dificuldade que tenho... não só na mudança em si de narrador, mas no tempo e pessoa que cada narrador usa... me perco um pouco nisso."
Há duas formas de falar sobre esta "mudança de narrativas" ou, para ser mais preciso, mudança de pontos de vista dentro do livro: uma simples e incompleta, e outra que chega ao cerne do problema. Como nem sempre precisamos conhecer a fundo um problema para resolvê-lo, vou falar das duas formas, começando pela mais simples.
Para isso, vou aproveitar o gancho e responder (em parte) uma outra questão, colocada pelo Lance, leitor aqui do blog:
  • "A premissa é o argumento que dá origem ao texto em si, é isso?? Eu chamo de argumento. E chamo de Storyline o seguinte: divido as etapas da história em sub-trechos, e faço parágrafos descritivos de cada sub-trecho desses, de até 3 linhas cada, pra me orientar."
"Regra essencial: Não se começa a escrever uma história pelo primeiro capítulo, nem se termina no último."
Bom, rapidamente, premissa não é o argumento.  Posso voltar ao assunto em futuros posts, por ora se quiser saber mais consulte este post com sobre "Seis passos mágicos para escrever seu livro" e, no blog do parceiro Oswaldo Pullen, o post específico sobre premissa estruturada.

19 de setembro de 2011

Tudo o que você queria saber sobre motivação para escritores e não tinha pra quem perguntar...


alar sobre motivação para escritores gerou muitos comentários, então acho que vale a pena retornamos a este o assunto que, pelo jeito, aflige muita gente.
Antes de mais nada, o que precisa ficar claro é que todos os problemas de motivação e de bloqueio na hora de escrever residem em uma única causa: o embate entre seu lado criativo e seu lado crítico.
Todo mundo tem um lado criativo que necessita se expressar. Alguns buscam a realização de trabalhos manuais, como carpintaria ou jardinagem.  Outros procuram simplesmente algo para "exercitar a mente", como fazer palavras cruzadas, preencher Sudokus ou montar quebra-cabeças. E há aqueles, como nós, que sentem necessidade de expressar-se através das artes, sejam plásticas, cênicas, musicais ou literárias.
(Vale um parêntesis: Dentre os artistas, há aqueles onde a vontade criativa é tão grande que só conseguem se ver vivendo de sua arte, e há aqueles que querem exercitar sua arte de uma maneira mais leve, "apenas" como uma forma de se expressar e abrir novos horizontes. O resto deste post vale para você, independente de estar enquadrado em uma ou outra categoria.)
O que impede a maior parte das pessoas de continuar exercitando seu lado criativo é justamente seu lado crítico. Você encontra desculpas para não escrever ("não sei por onde começar", "não tenho o que falar", "não tenho talento"), desculpas para não continuar escrevendo ("vou revisar o que já fiz para ver se está bom", "estou sem tempo hoje", "estou sem ânimo para escrever") e até desculpas para abandonar tudo de vez ("Já tentei, e o que já escrevi não me agrada", "Não tenho talento MESMO", "é besteira tentar continuar, tenho coisas mais importantes que precisam de minha atenção") e por aí vai."Obrigue-se a estar no mesmo local e no mesmo horário, sempre. Eventualmente sua mente e sua inspiração farão o mesmo"Oswaldo Pullen, escritor e coach de escritores
Antes de mais nada, uma coisa precisa ficar bem clara: você escreve para você, não para os outros! Você escreve porque precisa escrever, porque tem algo dentro de você que quer sair, e se você não botar isso para fora, vai ficar o resto da vida pensando "E se..."?
Depois disso, é importante lembrar que o que você lê nunca é a primeira versão da obra. Você acha que os livros de Xxxxxxxx (coloque aqui o nome do seu escritor preferido) nascem assim, prontinhos, diretamente da inspiração celestial do autor para o computador, e daí direto para a editora? Obviamente que não!  Em casos extremos, como por exemplo nos mega-best-sellers de James Patterson, o livro não só não é a primeira versão, mas também é criado em conjunto por uma equipe de escritores - no caso deste autor, a se crer no que ouvi de um agente internacional, a equipe é composta por vinte e quatro pessoas.
Pois bem, se você escreve por uma necessidade sua, e sabe que vai revisar a obra diversas vezes quando for o momento para tal, para que adiar a escrita? Para que se perder em revisões, em desculpas que envolvem supostas faltas de tempo, qualidade ou talento.
A regra na escrita, como em qualquer arte, é uma só: quanto mais você exercita, melhor você fica. Lembre-se sempre que escrever é uma arte, mas também um trabalho, é necessário se esforçar para ficar bom nisso, é necessário ter uma rotina de trabalho. E, da mesma forma que em se emprego usual, haverá dias em que você vai estar desanimado, cansado, com dor de cabeça, mas ainda assim vai precisar trabalhar. Então, tome coragem e vá em frente!
E já que somos todos mortais, falíveis e resistentes a novos hábitos, algumas dicas para ajudar nisso:

8 de setembro de 2011

Motivação para escritores - como vencer sua inércia


otivação para escritores.
Tema difícil.
Acredito que a motivação tem muito a ver com o assim chamado "bloqueio de escritor", que é quando o escritor simplesmente não se anima a escrever, ou tenta e não consegue.  Segundo a Wikipédia, "existem casos onde o 'bloqueio de escritor' perdurou por anos ou décadas. O exemplo mais notável na história da literatura moderna é o de Henry Roth, cujo bloqueio persistiu por 60 anos e foi causado por uma combinação de depressão, problemas políticos e relutância em enfrentar problemas passados. Este tipo de bloqueio aparenta ser bastante raro, uma vez que muitos dos bloqueios costumam durar de uma hora a uma semana, algumas vezes um mês."
O que a maioria dos escritores não percebe é que na maioria das vezes este não é um bloqueio "real"; não é aquela coisa de você se sentar e não conseguir escrever, mas sim um conjunto de atitudes e hábitos ruins que nos impedem de escrever, gerados talvez por um medo de ir em frente.
Pegando alguns exemplos reais, de leitores do blog que entraram em contato comigo:
"Eu gosto muito de escrever, porém não consigo terminar nada que começo, não sei se é porque sou exigente demais comigo mesmo e sempre acho que meus textos estão um lixo e desisto logo no inicio ou se é porque sou tão exigente e não consigo deixar 'a coisa fluir'."
"Hoje tenho quase duzentas páginas (pouco para pouco menos de dois anos de trabalho, eu sei) em um único documento do Word e, por mais que esteja tudo dividido em capítulos curtos, eu abro o documento e me perco completamente. Acontece mais ou menos assim: Abro o arquivo, olho para aquilo tudo e não consigo evitar LER. Uma vez lendo, não posso evitar FAZER ALTERAÇÕES até que, em dado momento, estou com sono, frustrado por não estar produzindo de fato, fecho o documento e vou fazer outra coisa. Procrastinação? Talvez."
"De vez em quando me animo a escrever, mas tem dias que fico desanimada, nada parece bom, aí tenho dúvidas se um dia terminarei mesmo meu livro, se vale à pena continuar escrevendo."
"Só existem dois tipos de escritores: os bons, e os que desistiram antes de o serem."
Estes e outros problemas não são exclusividade de escritores iniciantes, todo e qualquer um passa por fases de, digamos, "baixa produção".  Eu mesmo estou saindo de uma fase de bloqueio: depois quase dois meses sem escrever, hoje escrevi dez páginas do "resumão" (veja o que é isso no post anterior...) de meu novo livro.  
Vamos então colocar alguns destes "problemas" de maneira mais objetiva, e quem sabe sugerir algumas "soluções".  As desculpas mais comuns que inventamos para não escrever são:

2 de setembro de 2011

Resultados do Workshop de Escrita de Ficção

o fim de semana passado, de sexta de noite até às 17h00 do domingo, aconteceu o I Workshop de Escrita de Ficção organizado por mim e Oswaldo Pullen, responsável pelo site Escrita Criativa.
Foram dois dias e duas noites de aprendizado intenso, com muitas palestras "objetivas e de uso imediato", conforme tínhamos planejado, entremeadas por exercícios onde os participantes puderam verificar na prática o uso das técnicas para produção literária.
Durante os intervalos de almoço e janta, aproveitamos para conversar com cada um dos participantes, avaliando expectativas, impressões e conhecendo um pouco mais sobre cada um.
O evento foi muitíssimo interessante e, obviamente, bastante cansativo para nós que estávamos o tempo todo de pé, e falando. E como é normal nestes encontros de escritores, grandes amizades foram iniciadas.

Foi tudo assim, tão superlativo, que qualquer coisa que eu escrevesse seria necessariamente incompleta.  Mas talvez baste dizer que, para mim, algumas frases ouvidas nos intervalos resumem tudo o que senti na primeira vez que tive contato com as técnicas contemporâneas de escrita de ficção, e que fiquei muito feliz por ter conseguido, na mesma medida, passar adiante:
"Este workshop mudou minha vida. Abriu meus olhos para novas possibilidades e deu as ferramentas necessárias para atingi-las"
"Nunca imaginei que havia uma técnica tão bem definida para escrever um livro."
"É como o ovo de Colombo: depois que aprendemos tudo faz tanto sentido, que é difícil entender como podemos escrever de qualquer outra forma"

Algumas oficinas de escrita criativa focam sua atuação em análise de livros de autores conhecidos, outras em aspectos mais motivacionais ("Você pode escrever um livro! Confie em você!") aliados a exercícios práticos para "desbloqueio", para tornar a escrita mais natural.

No nosso caso, resolvemos concentrar esforços em apresentar o método de trabalho utilizado por grandes autores do mercado americano e anglo-saxão que,

1 de setembro de 2011

Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica 2010

Mais um anúncio antes do retorno aos posts normais; para quem não conhece este Anuário posso dizer que vale muito à pena, tenho todas as edições anteriores!


ANUÁRIO BRASILEIRO DE LITERATURA FANTÁSTICA 2010
Marcello Simão Branco & Cesar Silva

Numa iniciativa dos jornalistas e pesquisadores de ficção científica e fantasia Marcello Simão Branco e Cesar Silva, o Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica foi publicado pela primeira vez em 2005. Apresenta um amplo e profundo panorama do cenário fantástico nacional, em suas três manifestações principais, a ficção científica, a fantasia e o horror, além de contemplar também as criações híbridas entre estes gêneros e os chamados trabalhos de “fronteira”, isto é, o fantástico abordado a partir da perspectiva do mainstream literário.
Contém notícias sobre prêmios e personalidades, listas dos livros lançados durante o ano, artigo sobre o mercado editorial, com dados estatísticos e tabelas. Resenhas de vários dos principais livros de autores brasileiros e estrangeiros, entrevista com a “Personalidade do Ano”, ensaio de um especialista convidado, e uma seção histórica com datas e resenhas de livros importantes. A Personalidade do Ano de 2010 foi o premiado escritor Nelson de Oliveira, cujo romance Poeira: Demônios e Maldições (resenhado no Anuário) recebeu o Prêmio Casa de las Americas e foi finalista do Prêmio São Paulo.
O Anuário tem por meta realizar um registro do estado dos gêneros no país, além de auxiliar tanto os leitores em busca do que há de novo, como aos escritores que desejam destrinchar as tendências do mercado. E também a editores e pesquisadores, que estão em busca de um conhecimento mais sistematizado e amplo do que está surgindo e das perspectivas para o fantástico no Brasil. A edição relativa a 2010 é a que lista maior número de obras, até o momento.
O Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica recebeu em 2010 o Prêmio “Melhores do Ano”, na categoria “Melhor Não-Ficção”, concedido pelo site Ficção Científica e Afins, da escritora Ana Cristina Rodrigues.
Repercussões:

“Embora a literatura fantástica enfrente muitos desafios no Brasil, um trabalho árduo de crítica e pesquisa como o do Anuário permite uma base sólida para o desenvolvimento de pesquisas e publicações”.