25 de junho de 2012

7 coisas que aprendi. por Alexandre Lobão

Em uma iniciativa conjunta* entre os blogs Escriba Encapuzado e Vida de Escritor, T.K. Pereira e Alexandre Lobão convidam escritores para compartilharem suas experiências com os colegas de profissão, destacando sete coisas que aprenderam até hoje.  Não interessa se você é iniciante ou veterano, se escreve poesias, contos, romances ou biografias, envie sua contribuição para esta série de artigos!

O primeiro post desta parceria já está no ar! Visitem o Escriba Encapuzado e descubram as sete coisas que o escritor convidado (que sou eu) aprendeu até hoje!

* Projeto inspirado pela coluna “7 Things I’ve Learned So Far”, da revista Writer’s Digest.

Gostou?  este post!

20 de junho de 2012

Segundo Tratamento: Cortes, Cliffhangers, Jumpcuts, e muito mais

F
inalmente você terminou seu livro e escreveu "FIM", como uma gloriosa bandeira indicando sua posse em uma fatia deste terreno pouco explorado: o daqueles que podem ser chamados de escritores, pois realmente terminaram (pelo menos) um livro!
Verdade?
Infelizmente, ainda não.  Segure aí sua bandeira, pois o livro não termina quando você escreve "FIM", o que termina ali é o chamado "primeiro tratamento", "primeiro rascunho" ou "primeira versão". Dê o nome que quiser, mas não se iluda: o trabalho ainda não acabou. Uma das grandes diferenças entre o autor principiante e o profissional é justamente esta: o profissional sabe que precisa agora voltar e incrementar seu texto.
Stephen King, em seu "On Writting", sugere que ao terminar sua obra o autor fique "dois ou três meses, ou até que comece a se interessar por outro projeto" longe do livro, para conseguir um certo distanciamento.  Só então ele poderá voltar e, com menos desapego, cortar tudo o que é desnecessário. Diversos autores sugerem que, do primeiro para o segundo tratamento, o autor corte pelo menos 10% do total escrito, e isso é mais fácil se o autor já se se desapegou do texto.
Mas o segundo tratamento é muito mais que cortar o excesso: é neste ponto que você vai começar a amarrar as pontas soltas; incluir no passado do personagem cenas que justifiquem suas escolhas morais nas partes seguintes da trama; incluir os "tiques" nas ações e diálogos dos personagens para reforçar a personalidade de cada um, e muito mais.
Mais importante, é no segundo tratamento que você deverá incluir (e refinar nos seguintes) aqueles detalhes que tornam sua obra impossível de ser largada.
“Uma história é como um fóssil, que precisa ser desenterrado aos poucos, com cuidado para não ser destruido"
Stephen King. O rei. Ponto final.
As dicas são muitas, desde construção de um ritmo na sequência das cenas (por exemplo: ação-ação-emoção, ação-ação-emoção, ação-ação-emoção) até o uso de diálogos para acelerar a velocidade de leitura e o uso de descrições (contar algo, ao invés de mostrar...) para esconder pistas que você deseja que o leitor só perceba mais tarde.  Mas hoje vou focar em duas técnicas com nomes em inglês: o par cliffhanger / jumpcut.

15 de junho de 2012

Homenagem à Coordenadora da BDB Conceição - E novo concurso literário!

E
stou recebendo uma série de novidades do mundo literário, então fecho a semana com mais dois anúncios. O primeiro é a transcrição de um comunicado com a homenagem à heróica Conceição, incrível coordenadora da Biblioteca Demonstrativa de Brasília que conseguiu transformar a biblioteca em um centro cultural com quadros, música e muita literatura. Conceição foi-se de repente, trabalhando dedicadamente até o último dia de vida, e todas as homenagens a ela serão ainda insuficientes.
A segunda notícia é do tipo que os leitores do blog gostam: o anúncio de mais um concurso literário, sem custo de inscrição e com uma boa premiação em dinheiro. Aproveitem!

COMUNICADO

Foi publicado, no dia 8 de junho, no Diário Oficial da União o Decreto nº 7.748, que trata de mudanças no Estatuto da Fundação Biblioteca Nacional. A BDB troca de nome e passa a se chamar BIBLIOTECA DEMONSTRATIVA MARIA DA CONCEIÇÃO MOREIRA SALLES.
O novo nome homenageia a ex-coordenadora falecida no início deste ano, em 7 de janeiro. CONCEIÇÃO esteve à frente da instituição por mais de 28 anos tendo sido responsável por inúmeros projetos que sedimentaram o papel de destaque da BDB no cenário cultural da capital federal. Também muito importante foi sua contribuição para uma nova perspectiva do que uma biblioteca pública pode e deve oferecer à comunidade em geral.

ANNA PAULA AYRES SEABRA
Promoção e Divulgação Cultural
Biblioteca Demonstrativa de Brasília
(61)3244-3015


IV Prêmio Nacional Ideal Clube de Literatura 2012
Prêmio Eduardo Campos
Serão  premiados escritores em duas categorias: "obra inédita" e "textos inéditos", e além disso serão concedidas doze menções honrosas.
Vejamos alguns detalhes:
“A verdadeiro competição é sempre entre o que você fez e o que você tem capacidade de fazer. Você se mede contra si mesmo, e mais ninguém"
Geoffrey Gaberino, medalhista olímpico
Obra inédita:
a) Será premiada uma obra, e podem inscrever-se candidatos residentes em qualquer parte do território nacional;
b) Premiação: R$ 30.000,00 (Trinta mil reais) e edição de 500 exemplares, dos quais 100 deverão ser doados ao Ideal Clube, para suas atividades culturais.

13 de junho de 2012

Publishing Management: O Negócio do Livro

F
oi-se o tempo em que o escritor precisava saber apenas regras da língua portuguesa e de como contar bem uma história.  Por mais que reclamem, não há como negar: o escritor que deseja ser bem sucedido precisa conhecer o mercado livreiro.

Marketing viral, feiras e eventos, direitos autorais, agências literárias, produção de livros digitais, impressão sob demanda e muitos outros assuntos serão apresentados por Carlo Carrenho neste curso cujas inscrições terminam nesta sexta, dia 15 de junho!

Nada do que eu possa falar substitui as palavras do próprio Carlo, pelo que reproduzo a seguir sua mensagem de divulgação do curso.  Nos próximos dias retornamos com um novo post, falando sobre cliffhangers, jumpcuts e outras técnicas para fazer o leitor não desgrudar de seu livro!

Gostaria de apresentar a você o curso Publishing Management: O Negócio do Livro, coordenado por mim e oferecido pela Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro. O curso já está na sétima turma, que se inicia no final deste mês, mas ainda restam algumas vagas e, é claro, eu gostaria de ver a sala lotada no primeiro dia de aula. Por isso, escrevo para incentivá-lo a fazer o curso ou indicá-lo para amigos, colegas e funcionários.

O curso aborda todas as áreas do negócio do livro, desde a produção e o editorial até a comercialização e o marketing. Como não poderia deixar de ser, a revolução digital que afeta a cadeia do livro terá um enfoque especial nesta próxima turma. O curso amadureceu bastante ao longo das seis primeiras turmas e continua com seus dois grandes diferenciais:

6 de junho de 2012

Dúvidas de Escritores: Ponto de vista, cenas, cliffhangers...

A
ntes de atender a alguns pedidos para falar sobre assuntos específicos, como cliffhangers e jumpcuts, gostaria de compartilhar com vocês alguns trechos de uma mensagem que troquei com um colega escritor, a respeito de um trabalho de leitura crítica que fiz para ele.  Como algumas de suas dúvidas são muito comuns, acredito que muitos autores se beneficiarão desta "espiada" na conversa!
Detalhe: Para não dar detalhes da história avaliada, alterei os trechos que mencionavam nomes ou situações específicas.

Tenho umas dúvidas sobre o ponto de vista. Entendo que é necessário manter o ponto de vista que foi definido. Mas até onde devemos ir com isso? Você disse que o <personagem>  não veria suas próprias bochechas. Verdade. Quem viu foi o narrador. Mas ele existe, não? O narrador enquanto “criatura” desvinculada do <personagem>. Ele poderia “ver” as bochechas e comentar, não poderia?  Ou essa coisa de ponto de vista deve ser levada ao extremo? No caso, ele, o narrador, está preso dentro do <personagem>?
Resposta:  Vamos lá: se você quiser escrever para o mercado Americano, os cuidados com o PDV (ponto de vista) devem ser levados “ao extremo”, como você colocou. Lá, boa parte, talvez a maioria dos agentes e editores simplesmente abandona seu livro se você “erra” no PDV, pois essa é uma indicação clara de que o escritor não é profissional.  Sendo mais claro: O PDV de cada cena é uma câmera presa na testa do protagonista daquela cena; e esta câmera só tem acesso ao mundo pelos 6 sentidos do personagem: os 5 usuais + suas impressões e percepções. 
 Assim, em uma cena com PDV do < personagem>, não posso falar das bochechas dele, a menos que ele se olhe no espelho, mas posso falar da dor das bochechas e dela imaginando que elas estariam mais vermelhas que o usual, por exemplo.  O “narrador” como “figura independente” pode existir sim, como, digamos, uma “mosquinha na parede” que vê tudo através daquele PDV; mas neste caso ele não poderia falar sobre sentimentos ou impressões de nenhum dos personagens.  Também existe um “narrador onisciente”, mas é muito raro e quase todo escritor o evita, pois é fácil deixar a história confusa com este artifício. “O valor da leitura crítica para o autor é ouvir a posição de um leitor que não tenta agradá-lo - pelo contrário, procura falhas que possam comprometer seu original"
Agora, como falei, isso é “se você quiser escrever para o mercado americano”.  O mercado nacional é cheio de livros de sucesso, publicados por grandes editoras, que não seguem este padrão – o que não necessariamente quer dizer que alguma coisa, apenas que nosso mercado, por enquanto, é menos exigente que o americano, e que nossos editores são menos críticos, orientam menos os autores quanto a isso.  O problema é que o leitor cada vez mais vai desenvolvendo um sendo crítico, então coisas que eram aceitas a 50 anos aos poucos vão sendo vistas como impropriedades, pelo que sugiro que você tente seguir a regra do PDV quanto puder.
E uma coisa que não podemos falar para novos autores, mas vou falar assim mesmo: