22 de dezembro de 2014

Um presente de Natal antecipado: Quadrinhos para adultos!

Se você nunca falou, já deve ter ouvido alguém falar umas destas frases: "Não gosto de quadrinhos!" e "Quadrinhos são coisa de criança".
Sei que, para a maior parte das pessoas versadas em cultura pop, qualquer post sobre isso já nem faz mais sentido, mas como este é, digamos, um "nicho" da cultura pop ainda pouco explorado, acho que vale a pena falar a respeito - até porque estou oferecendo um presente de Natal antecipado neste post, e esta pequena digressão é necessária para que ele valha à pena.

Quanto à primeira frase, "Não gosto de quadrinhos", para mim ela é tão incoerente quanto "não gosto de ler", "não gosto de TV", "não gosto de teatro" ou "não gosto de cinema". 
Digo isso porque foi-se o tempo (se é que já existiu tal tempo...) em que as histórias contadas no formato de quadrinhos se restringiam a um ou dois temas. Hoje, temos tantos gêneros de histórias em quadrinhos quanto tipos de atrações televisivas.
Raciocine comigo: Você provavelmente gosta de novela, mas não de futebol; ou gosta de futebol, mas não gosta de documentários; ou não gosta de nada disso mas gosta de seriados policiais. É muito difícil uma pessoa não gostar de nada que passe na televisão, pois a gama dos assuntos é tão variada que dizer "não gosto de TV" é quase o mesmo que dizer "não gosto de nenhum tipo de informação ou história que queiram mostrar para mim".
"Quadrinhos utilizam dois dispositivos de comunicação fundamentais: palavras e imagens. No emprego hábil de palavras e imagens reside o potencial expressivo do meio."
Will_Eisner
, roteirista, desenhista e baluarte da nona arte
Portanto, é comum você ouvir alguém comentando que não gosta desta ou daquela atração na TV, mas não que "não goste de TV", porque TV é apenas um suporte, um formato para se contar histórias, verídicas ou não.  Ora, o mesmo se dá com os quadrinhos: Você gosta de novelas ou comédias românticas, esportes, filmes de ação, de terror, infantis ou documentários?  Seja bem vindo aos quadrinhos, aqui você também encontra toda esta variedade!
Quanto à segunda frase, "Quadrinhos são coisa de criança", além do que já ficou óbvio, basta completar com a menção a alguns títulos, com ligeiros comentários:
  • Gen Pés Descalços - Série de títulos escritos por Keiji Nakazawa que conta a história de diversas pessoas após o bombardeio atômico de Hiroshima e Nagazaki, tendo como protagonista o menino Gen, alter ego do autor. O título é leitura recomendada para escolas ensino médio em diversos estados americanos.
  • Maus, de Art Spiegelman, foi o primeiro título de quadrinhos a ganhar o prêmio Pulitzer, em 1992, com a história de sobreviventes ao holocausto nazista, apresentando judeus como ratos e os nazistas como gatos, em uma história tensa e emocionante.
  • Persépolis, é outro título premiado internacionalmente e conta a história autobiográfica de Marjane Satrapi, começando por sua infância em um Irã de governo laico, passando por uma adolescência longe de casa, fugindo das as mudanças no país devido à ascensão dos aiatolás ao governo; até o retorno a um país que pouco tinha a ver com aquele de sua infância.
Há muitos outros exemplos de quadrinhos para adultos, estes três foram os primeiros três que me vieram à mente simplesmente por serem facilmente reconhecidos como "sérios"

Mas o que eu queria falar hoje é sobre um presente de Natal antecipado para os leitores do Vida de Escritor: o lançamento de uma versão digital da história Fiat Voluntas Tua (seja feita a Tua Vontade, em latim), com roteiro escrito por mim e desenhos do E.C.Nickel, grande mestre dos quadrinhos nacionais.  Apesar do título que evoca algo religioso, trata-se de uma história de ficção científica, baseada no conto de mesmo título publicado em meu primeiro livro, "A Caixa de Pandora e outras histórias".  Neste novo formato, e com as contribuições do E.C.Nickel - que foram muito além de meramente desenhar a história - o conto adquiriu uma nova dimensão, e o resultado ficou tão bom que me inspirou a escrever um romance baseado neste álbum de quadrinhos.  Se você gosta de histórias como as de Philip K. Dick (que inspiraram filmes como Blade Runner, Minority Report, O Vingador do Futuro, Agentes do Destino e outros blockbusters), você precisa ser esta história!
Update: Falei tudo, mas esqueci de dar o endereço do blog do E.C. Nickel!  Falha minha, confiram em: http://quadroid.blogspot.com.br  
E depois, obviamente, comentar o que achou aqui!

E você, tem algum quadrinho em especial que lhe inspire? Comente e compartilhe!

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10 de dezembro de 2014

Inspiração, homenagem ou cópia descarada? - com Flávio Batista


V
ocê já leu algum livro, ou quem sabe viu algum filme, e teve aquela sensação de déjà-vu, aquele incômodo de achar que a ideia havia sido copiada de outro lugar?
Bom, antes de mais nada vale destacar que um engano comum é achar que, legalmente falando, ideias podem ter dono.  Não tem.  Você pode registrar uma marca, um logotipo ou uma obra, mas não pode registrar uma ideia.  Dois escritores, partindo da mesma premissa inicial, com certeza produzirão obras totalmente diferentes, e nenhum poderá processar o outro por plágio.
Nesta linha, o escritor e amigo Flávio Batista enviou-me um e-mail que achei tão rico que valia a pena compartilhar com vocês.  Vejamos, então, os comentários do Flávio.

Esse assunto é interessante para nós escritores. Mostra que, em matéria de narrativas, às vezes pode ser produtivo "fazer tributos" a histórias alheias. Leia-se: copiar declaradamente (para não dizer "descaradamente"). Então, lá vai:

A cena final do primeiro filme da série Guerra nas Estrelas (o episódio IV, de 1977), em que as naves dos rebeldes destroem a Estrela da Morte, é assumidamente um tributo a um filme de 1955, denominado The Dam Busters (baseado em uma história real, e com certa acurácia histórica). Parece que o próprio George Lucas já declarou isso. Eis o contexto
"Quando você tem talento próprio, é um prazer dar crédito para o talento dos outros."
Criss Jami, escritor filósofo e poeta
Durante a Segunda Guerra Mundial, a força aérea britânica desenvolveu um método para destruir represas dos nazistas. Seguindo os cálculos de um engenheiro aeronáutico, os aviões britânicos lançariam uma carga de profundidade, mas precisariam fazer a bomba cair com um ângulo específico. O explosivo deveria quicar na água várias vezes, depois afundar. A detonação sob a água produziria uma onda de choque e derrubaria a represa. Entretanto, os aviões correriam grande risco, pois voariam em uma altitude bastante baixa.

A cena do filme é mesmo bem parecida com Star Wars. O vídeo que encontrei no YouTube é meio longo (dez minutos) mas basta ver alguns minutos para percebermos as semelhanças:

https://www.youtube.com/watch?v=lCRIsjJFRNo

Se você quiser visitar as páginas da Wikipédia anglófona, colocarei os links abaixo. Os textos são longos mas valem uma olhada rápida. A página sobre a "Bouncing Bomb" tem uma pequena animação mostrando como a bomba agia.

Verbete sobre o filme:
http://en.wikipedia.org/wiki/The_Dam_Busters_%28film%29

Verbete sobre a bomba:
http://en.wikipedia.org/wiki/Bouncing_bomb

O diretor Peter Jackson (de O Senhor dos Anéis) detém os direitos para refilmar The Dam Busters, e começou a produzir o novo filme, porém interrompeu o projeto para se empenhar na trilogia do Hobbit. Parece que o Peter Jackson gosta de aviões antigos e tem até mesmo uma empresa que restaura velhos aeroplanos.

O principal tema musical do filme The Dam Busters é até hoje executado regularmente no Reino Unido. Havendo interesse confira (não gosto do tema introdutório, mas a marcha principal é bonita):
https://www.youtube.com/watch?v=wDpdPjf2aSE

Sobre Flávio Batista: Nascido no Rio de Janeiro, em 1968, Flávio Batista é autor da saga Oazo, no gênero fantasia e aventura, em seis volumes que estão sendo publicados semestralmente no formato digital. Os livros encontram-se disponíveis na Amazon:


Afinal, quais os limites entre "inspiração", "homenagem" e "cópia"?  Comente e compartilhe suas ideias!

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