14 de setembro de 2015

Para ver a vida como um escritor


N
ova Iorque, 11 de setembro de 2001.
Às 8:46 da manhã, um Boeing 767 da American Airlines atinge um dos prédios do World Trade Center, o coração e símbolo do poder econômico estadunidense, em Nova Iorque. 17 minutos depois outro avião, de mesmo porte, atinge a segunda das Torres Gêmeas.
Os prédios, em chamas, caíram em algumas horas; não antes de protagonizarem cenas fortíssimas de superação, coragem e desespero. No auge da loucura, mesmo pela TV era possível ver a chuva de corpos daqueles que, entre a morte pelas chamas nos andares mais altos ou pela queda de um dos prédios mais altos do mundo, optavam pelo salto fatal.
Quando finalmente as estruturas cederam ao calor e os prédios vieram abaixo, um grito coletivo pôde ser ouvido nas gravações que correram o mundo.
Ao grito mal contido seguiram-se nuvens pesadas e cinzentas, avançando rapidamente em todas as direções e engolindo pessoas, carros, prédios inteiros.
Depois, do meio daquela massa que lentamente se dissipava, começaram a surgir vultos cambaleantes que buscavam algo para respirar. Lentamente começaram a se divisar os carros, os prédios,  as ruas monocromáticas de um novo e para sempre transformado mundo.
Daquela cena dantesca, um dos pontos ainda mais surpreendentes, para mim, foi o inusitado silêncio.
“Observe, sinta, viva cada momento, e sua escrita será cada vez melhor”
Não um silêncio qualquer, mas um silêncio nascido daquele grito estrangulado na garganta de milhões de pessoas que acompanhavam a cena em todo planeta, e que se condensou em uma cidade que, embora nunca dormisse, naquele momento se paralizava, sem motores, sem buzinas, sem sirenes, sem arrulhares, latidos, risos, choros, xingamentos... Uma cidade sem voz.
Por longos e doloridos minutos, tudo o que se ouvia era o som arrastado dos passos daqueles que ousavam abrir espaço pela poeira cinzenta...

O que isto tem a ver com ver a vida como um escritor?
Tudo!
Quantas pessoas será que realmente se incomodaram com este silêncio, ou ao menos repararam nele?
O escritor, antes de tudo, é um observador e um curioso. Ele quer saber todos os detalhes de tudo, como as coisas funcionam, como as pessoas reagem às situações, quais são as gírias e comidas locais de cada cidade que visita... Apesar de parecer uma simplificação, acho que é bem isso: olhar a vida como um escritor é dedicar uma atenção especial aos detalhes.
A verossimilhança, tão necessária para garantir a imersão do leitor, é baseada justamente nestes detalhes. São estas pequenas coisas que o leitor vai reconhecer e relacionar inconscientemente com seu dia a dia, e automaticamente aceitar a história como “verdadeira” e reforçar a empatia pelos personagens.
Esta atenção aos detalhes, mesmo para quem não é escritor, oferece algumas vantagens.
Primeiro, a vida fica mais leve. Se você, ao caminhar, repara nas folhas que caem, nas formigas que fizeram uma trilha, no barulho do vento e no cheiro de terra molhada após uma chuva, pode ter certeza que sua vida será muito mais colorida.
Segundo, a vida também fica mais saudável. Além dos benefícios a longo prazo (há estudos que comprovam que exercitar a mente “saindo do automático” nas atividades diárias diminui os riscos de desenvolver Alzheimer, por exemplo), viver uma vida mais “colorida” significa também ser mais feliz, mais tranquilo, o que oferece benefícios comprovados para todo o sistema cardíaco e circulatório.
Uma pessoa mais tranquila, saudável e feliz acaba também sendo mais agradável, e tendo uma vida social mais ativa.
Preciso continuar?
Escrevendo ou não, veja a vida como um escritor. Você só tem a ganhar!

E você, como vê a vida? Como isso impacta em sua escrita? Comente e compartilhe com os colegas escritores!

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