21 de junho de 2016

Quem são e o que fazem os editores?


A
ntes de mais nada, gostaria de lembrar que as inscrições para a 8a edição do Workshop de Escrita de Ficção do Vida de Escritor estão abertas!  Esta será a última edição no Brasil pelos próximos dois anos, então, veja detalhes no site do evento e se programe para participar, nos dias 9 e 10 de julho!
É difícil explicar em poucas palavras, mas basta dizer que o editor é o “pai adotivo” do livro, é ele quem transforma um rascunho em uma obra digna de ser lida.

Obviamente há todos os tipos de editores, desde aqueles que são meros negociantes até aqueles que não só amam os livros, mas que também participam de sua construção.

Os “editores negociantes” só veem o livro apenas como uma fonte de renda e têm o foco em descobrir livros que fazem sucesso lá fora ou, no máximo, descobrir autores nacionais que escrevem livros “da moda” ou na mesma linha de livros internacionais de sucesso. Estes editores, inclusive, são mal vistos no mercado justamente por delegarem ou deixarem de lado questões importantes, associadas à escrita do livro em si.
Já os editores “de verdade” têm um papel primordial na criação do livro. Um bom editor conhece o mercado literário atual e suas tendências, em especial o público alvo das obras que ele produz, e com este conhecimento sobre “o que funciona e o que não funciona” para este público, além de uma boa visão sobre o que ele considera literatura de qualidade (perceba que não estou falando em termos absolutos...), ele orienta o escritor sobre possíveis ajustes no livro. Só com um bom editor um livro atinge o seu potencial máximo.
Vale a pena contar uma história real, para que fique claro até que ponto esta intervenção pode chegar.

Um escritor brasileiro, de quem prefiro não contar o nome, enviou um livro para a Bloomsbury, editora inglesa que publicou o Harry Potter no final da década passada. O livro foi bem recebido, e o editor percebeu que a obra tinha um bom potencial, mas que a conclusão da obra era insatisfatória, ou pelo menos não era a melhor possível, para seus leitores. Entrando em contato com o autor, o editor propôs que a editora contratasse outro escritor para escrever o último terço do livro, de forma a entregar algo com mais apelo aos leitores. O nome do segundo autor não sairia nos créditos (seria um “ghost writer”), então para todos os efeitos a obra continuaria sendo 100% do autor original. O autor aceitou, e o livro fez bastante sucesso, abrindo as portas do mercado internacional para este escritor.

Da minha parte, toda vez que vou escrever um livro sob encomenda (sim, bons editores também fazem isso; encomendam livros para atender a determinados nichos de mercado que percebem que estão pouco atendidos), escrevo apenas as linhas gerais da obra, entregando ao editor uma proposta em alto nível do que será o livro. O editor avalia, sugere, modifica, e quando fechamos a visão geral da obra, começo a produzir o trabalho. No caso de livros técnicos (como “Quilombos e Quilombolas”, livro que escrevi sob encomenda lançado pela editora Mazza ano passado), o editor muitas vezes participa ainda mais ativamente, recebendo capítulo por capítulo da obra e indicando ajustes a cada passo.

É, isso pode ser um choque para quem ainda imagina que escrever é uma atividade solitária, que o escritor espera a musa chegar, e quando a inspiração chega o autor coloca sua alma no papel e ninguém mais mexe.

Mas, por mais que exista este lado “romântico” da escrita, todo escritor precisa lembrar que ele só se torna realmente um escritor se sua obra for publicada. E sem a participação do editor, o ciclo não fecha, e o original fica na gaveta.

Obviamente, estou falando apenas das versões impressas por editoras. Textos autopublicados, sejam virtuais ou físicos, existem aos montes. E é talvez nestes textos que o público em geral perceba a importância do editor: Fora as inevitáveis exceções, o que vemos são obras mal acabadas, textos fracos, pouco profissionais.

Porque, no fim, é este o trabalho maior do editor: garantir que cada livro atinja todo seu potencial, não apenas comercial, como também artístico. E todo autor profissional procura justamente isso: alguém que lhe aponte os caminhos a seguir para melhorar seu trabalho.

E você, gostaria de completar com alguma informação sobre os editores com quem já trabalhou? Comente e compartilhe com os colegas!

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Um comentário:

Anônimo disse...

só resta concordar. seria realmente bom ter um editor para ajudar a encontrar um bom caminho. talvez seja até mais interessante trabalhar em uma obra quando se pode debater ideias sobre a mesma com outra pessoa, melhor ainda se essa pessoa estiver familiarizado com o mercado.