9 de agosto de 2010

Liberdade artística x mercado - a velha discussão...


olta e meia, sou abordado por escritores iniciantes em palestras ou por e-mail, perguntando-me sobre os limites da assim chamada "liberdade literária".
Colocando de outra forma: quanto de liberdade posso usar quando produzindo um texto, e quanto eu preciso me ater a regras? Diálogo precisa começar com travessão? Posso escrever com erros de português, se estiver representando um personagem que fala ou escreve errado? Posso escrever um livro da mesma forma que escrevo em um blog?
A pergunta, obviamente, é capciosa, e a resposta ainda mais.
No meu entendimento, teoricamente você pode fazer o que quiser quando está escrevendo.
"Tudo posso, mas nem tudo me convém" Paulo de Tarso, escritor e apóstolo
Eu digo teoricamente, assim, em itálico, porque há pelo menos dois grupos importantes a considerar:
  • Seus leitores. Se você quer agradá-los, precisa escrever algo que seja adequado ao seu público alvo. Quem compra um livro não espera (por enquanto) encontrar um diálogo do tipo "Vc naum gosta dela? kkkkkk!".
  • As editoras: Se você está pensando em vender seu trabalho para uma editora, deve considerar o que um texto com erros propositais, com experimentalismos ou qualquer coisa que torne a leitura
    difícil é pouco recomendado, especialmente para novos escritores.
Isso quer dizer que você precisará "sacrificar sua arte em prol do comércio"?

Não.  Apenas significa que você precisará, como todo profissional, estudar, treinar, aperfeiçoar sua capacidade de se expressar dentro da sua arte - a escrita - para conseguir de forma mais precisa, mais completa, mostrar o que você deseja mostrar - sem vícios que aparecem com a desculpa de ser "liberdade artística".

Obviamente, quanto mais famoso você for, mais liberdade terá para escrever do jeito que quiser - mas enquanto não chegar lá, provavelmente precisará ser bem mais conservador. Lembre-se que Picasso, no início da carreira, era um exímio retratista, e só depois da fama mostrou ao mundo a arte que ele realmente queria mostrar!

É como dizia o apóstolo Paulo: "Tudo posso, mas nem tudo me convém"...

7 comentários:

Alvaro Domingues disse...

Creio que quem escreve deseja ser lido. Pensar no leitor é fundamental.

disse...

Adorei o visual do blog novo! Muito bom. Estou feliz que esteja postando com mais frequência.

BJS!

Helaina Carvalho disse...

Você tem toda razão!
Essa liberdade para escrever mesmo vem com o tempo e o seu reconhecimento pelo mercado. Eu não conseguiria encarar um livro escrito em "miguxês" ou qualquer outra linguagem completamente aceita no meio virtual.

Me considero um tanto conservadora para escrever, acho que além de entretenimento o livro pode e dever ser usado como forma de se aprender a forma gramaticalmente aceita como correta da língua.

Não adianta os defensores dessas variações linguísticas reclamarem. Quando você for fazer uma entrevista de emprego, não vai poder falar como "fala" na internet.

Maria Maria disse...

É um enorme prazer conhecê-lo! Gostei das dicas e do blog em sua completude.
Sigo-te!

Um abraço,

Maria Maria

Sueli disse...

A linguagem usada na internet é uma grande brincadeira e é até inteligente, mas não podemos aceitá-la como forma de expressão culta. Um livro deve ser uma forma de adquirir, gradualmente, destreza com a nossa língua, a ponto de permitir que identifiquemos erros imediatamente. Esse discernimento nós conseguimos lendo, lendo, lendo... Parabéns pela postagem

Anônimo disse...

hiya


Just saying hello while I read through the posts


hopefully this is just what im looking for, looks like i have a lot to read.

Alexandre Lobão disse...

Obrigado Alvaro, Helaina, Maria Maria, Rê e Sueli - em ordem alfabética para não evidenciar nenhuma preferência. :)

Volta e meia pegarei ganchos de seus comentários para abrir novas discussões no blog, agradeço muito suas participações!