18 de abril de 2013

25 razões porque seus originais são rejeitados (por editoras) - Parte 2


If you can't read Portuguese, check out Jessica Morrell's original post here

C
ontinuamos neste post com a contribuição de Jessica Morrell, agente literária americana que conclui sua lista de 25 principais motivos que levam originais a serem recusados por editoras - e que podem ser resolvidos com um pouquinho de atenção.
Embora estas dicas sejam voltadas para o mercado estadunidense, acredito que elas são igualmente valiosas no mercado brasileiro, tanto na procura de agentes literários quanto na procura de editoras.
O artigo original pode ser consultado aqui, e foi traduzido com a autorização da autora.

25 razões porque seus originais são rejeitados (por editoras)  © Jessica Morrell
A vida de qualquer escritor sempre tem um pouco de rejeição. Na verdade, a estrada para a publicação é muitas vezes pavimentada com rejeição. Algumas vezes estas rejeições ajudam-nos a crescer como escritores, outras vezes elas são desconcertantes e nos quebram o coração. Particularmente dolorosas são aquelas cartas de rejeição que dão poucas ou nenhuma pista sobre o porquê do seu trabalho ter sido preterido. Quando um editor está rejeitando seu trabalho por uma razão bem definida, pode ser útil e tranquilizador saber porque. Quando nenhuma razão é citada, é difícil saber o que deve ser melhorado.  Afinal, é necessário coragem para enviar um original ou uma proposta editorial ('query' no original). No entanto, se você está perdido tentando entender porque você recebe tantas pistas de que estão desconsiderando seu talento, pode tomar um fôlego porque aqui estão algumas razões que você deve considerar.  Continuando nossa lista:"Eu poderia escrever um romance sobre deslizes que levam à rejeição, mas temo que seria longo demais"
Louise Brown, Escritora e acadêmica da universidade de Birmingham, na Inglaterra
  1. O original é longo demais (usualmente acima de 120.000 palavras) ou curto demais (usualmente abaixo de 50.000 palavras) para as necessidades do editor.
  2. Problemas com os personagens: personagens são planos ou não são desenvolvidos adequadamente. Superpopulação ou falta de contraste suficiente entre personagens. Personagens (ou pessoas reais) que não tem brilho ou substância, ou que simplesmente não fascinam os leitores. Veja bem, seu personagem principal pode ser alguém de quem as pessoas não gostam, pode não ser charmoso, mas ele ou ela precisa ser convincente. Personagens de ação batidos como o detetive durão ou o policial gordo. Nas melhores ficções o leitor tem a impressão de que os personagens já existiam antes da história começar e irão continuar depois que ela terminar - a menos que sejam assassinados.
  3. Problemas no ritmo - ele se arrasta e algumas cenas parecem intermináveis ou se atropela nos momentos mais interessantes da história. Muitas vezes escritores utilizam a mesma velocidade ou quantidade de palavras para tudo na história, desde os momentos de parar o coração até os passeios pela cidade. Outro problema de ritmo é ter o meio da história flácido, de forma que o leitor sente que está demorando demais para atingir o final.
  4. Ambientação indistinta e que não anima, não causa causa tensão ou não contribui para que as coisas aconteçam na história. Ambientação que parece ofuscar a história quando o escritor de horror foca demais nas sombras e não o suficiente no que as sombras podem esconder.
  5. História que não se encaixa em nenhum gênero reconhecível.
  6. Cenas chave que não explodem com emoção e ramificações para futuras ações, ou pior ainda, que ocorrem  nos bastidores.
  7. Problemas de conflito: o conflito é fraco ou entediante, ou não é suficiente para sustentar um original deste tamanho em particular. Ou o conflito parece contido, ou demora muito para começar. Seu protagonista deve enfrentar uma oposição poderosa a cada curva e deve combater estas forças com um ofensiva à altura.
  8. A história começa e as cenas, individualmente, não dão a sensação de suspense e tensão crescente. Leitores precisam de uma razão para continuar virando as páginas e toda história precisa evoluir com intensidade crescente até o clímax ou a resolução. Uma história onde a tensão não crescem sem questões não respondidas e uma série de surpresas e reveses não cativa os leitores.
  9.  Desastres no diálogo: conversas muito longas, personagens dando palestras, ou diálogo sem tensão ou conflito. Outros problemas: os personagens não soam distintos, personagens falando sobre tópicos mundanos não relevantes à história, ou chamadas no texto para o diálogo que distraem ou são cheias de adjetivos e advérbios.
  10. Há excesso de falar sobre a história, e falta dramatização. Sempre que apropriado traga sua história aos leitores em cenas, onde eles podem testemunhar ela desenrolando em tempo real. "Mostre, não conte" é um guia útil para escritores, mas a ficção na verdade é "contada" e "mostrada". Uma combinação de ambas as técnicas produz a ficção mais efetiva. Cenas são mais efetivas quando você está revelando interações complexas entre personagens e emoções que se modificam por conta da cena. Exposição é mais efetiva quando você está apresentando informações de pano de fundo da história, ou se movendo rapidamente entre duas cenas. Excesso de 'mostrar' ou cenas demais tornam a história exageradamente gráfica, da mesma forma que 'contar' em excesso a torna muito estática (de qualquer forma, o leitor se cansa).
  11. Imprecisões ou falta de pesquisa, especialmente em ficções históricas.
  12. O final não satisfaz ou não entrega o prometido ao leitor. Os melhores finais não são artificiais ou convenientes. Eles são a culminação lógica e altamente dramática dos eventos que os precedem. O clímax é o ponto de maior emoção de sua história, a decisão, a colisão das forças, e o acerto das contas. Também nesta categoria estão o excesso de pontas soltas, subtramas pendentes ou questões não respondidas
  13. O autor enfatiza demais temas de sua agenda, fazendo o conjunto da obra parecer enfadonho ou panfletário.
Uma última palavra: Tente não ver a sua escrita como uma extensão de sua identidade. É um produto, mesmo que isso soe pouco romântico. Não leve rejeições para o lado pessoal, mesmo que elas se acumular. Embora caso elas comecem a se acumular, provavelmente você precisará analisar o que há de errado com sua escrita. O mercado editorial é um negócio, não uma arte, então não se choque, não promova retaliações, e não desista.

Jessica Page Morrell vive em Portland, Oregon, onde ela é cercada por escritores e pode observar o céu em todos seus humores e variações. Ela escreve com profundidade, sagacidade e clareza sobre tópicos relacionados à escrita, e é autora do livro "Thanks, But This Isn’t For Us, A (Sort of) Compassionate Guide to Why Your Writing is Being Rejected"; "Bullies, Bastards & Bitches, How to Write the Bad Guys in Fiction"; "The Writer’s I Ching: Wisdom for the Creative Life; Voices from the Street"; "Between the Lines:Master The Subtle Elements Of Fiction Writing"; e  "Writing Out the Storm".  Morrell trabalha como editora de desenvolvimento porque caso um autor cria personagens cheios de arestas e inconsistências, ou a trama trava e as cenas não fluem, estes problemas devem ser resolvidos antes que ele submeta seu trabalho para um agente ou editor. Ela também trabalha com biografias e livros de não-ficção com um foco especial na lógica e na voz do autor. Ela começou a ensinar escritores em 1991 e agora promove workshops no noroeste dos Estados Unidos e em conferências para escritores por todo o país, além de promover palestras para diversas organizações de escritores. Ela atuou como especialista de escrita no site iVillage.com, que foi votado como um dos melhores 101 sites para escritores.  Em 2008 ela fundou a Summer in Words, uma conferência anual para escritores na costa de Oregon. Ela também escreve uma coluna mensal sobre tópicos associados à escrita desde 1998, que atualmente sai pelo The Willamette Writer (jornal da associação de escritores de Orgeon). Ela também contribui para as revistas The Writer e Writers Digest, escreve um jornal por email, The Writting Life, e mantém os blogs http://thewritinglifetoo.blogspot.com e http://summerinwords.wordpress.com. Seu site é www.jessicamorrell.com

E você, quer participar perguntando ou contribuindo para as respostas?  Fique à vontade! Deixe seu comentário e participe da Vida de Escritor!

Twitáveis:
  • "25 razões porque seus originais são rejeitados" pela agente literária Jéssica Morrell, no Vida de Escritor http://bit.ly/BlogLobao  Clique aqui para Twitar!
  • Ritmo ruim? Personagens confusos? Diálogos sofríveis? Descubra porque seu original é recusado no Vida de Escritor http://bit.ly/BlogLobao Clique aqui para Twitar!

Gostou? este post!

Nenhum comentário: